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28 Diário da Câmara dos Deputados

tive ensejo de, em resposta ao ilustre Deputado Sr. Pedro Pita, proferir várias expressões que, não sendo impróprias do Parlamento, correspondem a uma definição exacta de actos que se praticam. As vilanias têm a classificação que merecem.

Há infelizmente vários vilões na sociedade portuguesa. Há realmente vários «capoeiras» neste País. Já numa sessão passada eu usei desta terminologia que até pode considerar-se do favor para algumas pessoas.

É um caso realmente para deplorar e não se pode manter uma atitude desta ordem.

Eu tenho andado toda a minha vida orientado por determinados princípios de que não me arrependo, mas tenho também sido incessantemente vilipendiado; porém, a êsses, que assim procedem, cuspo-lhes no rosto o meu maior deprêzo.

Sr. Presidente: não é com estas infâmias que me conseguem deminuir.

Acusam-me de quê?

Eu até já fui dado como perdoando de mais; mas é infame o que se tem praticado nos últimos dias. Tem-se dito que tenho tido conferencias com A, B o C; que vivo em boas relações com os radicais, com os de 19 de Outubro. Ora toda a gente sabe o que êles me querem, que é o mesmo que em 19 de Outubro. E ligava-me eu a êles para qualquer conjura!

O pior é que todas as insinuações, todas as calúnias são anónimas, e assim eu não encontro na minha frente alguém a quem possa tomar a responsabilidade das suas afirmações. As responsabilidades não se tomam, as insinuações e as calúnias continuam e os seus autores sentem-se radiantes, julgando, por êsse processo, que fazem mudar as situações políticas, ansiosos como estão de mudarem também.

Seja, porém, como fôr, eu é que não estou disposto a modificar toda a minha estrutura política e o meu passado, acompanhando êstes processos para manter a categoria que tenho e que ô alguma.

De resto já não há tantos crédulos como muitos julgam, embora as infâmias se propaguem em Portugal com a velocidade de um expresso.

Sr. Presidente: eu não desejava tornar muito tempo à Câmara, mas como há quem deseje que tudo se averigue muito bem, não podia deixar de pronunciar estas palavras.

Pois bem; não quero entreter por mais tempo a atenção da Câmara, e a pessoas que usam de tais processos, e que com tanta leviandade tratam, a honra alheia, só posso cuspir-lhes todo o meu deprêzo, se é que a sua cara estanhada ainda merece, ao menos, êste meu gesto.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente: — A próxima sessão é no dia 12, à hora regimental, com a seguinte ordem do dia;

Debate sôbre a declaração ministerial.

Proposta de lei que autoriza o Govêrno a pagar a importância das letras aceites pelo Alto Comissário em Angola.

Pareceres n.ºs 816, 787, 783, dados para hoje, e pareceres,n.ºs 104, 793, 639 e 645 (e).

Está encerrada a sessão.

Eram 19 horas e 40 minutos.

Documentos mandados para a Mesa durante a sessão

Projectos de lei

Do Sr. A. Crispiniano, proibindo o fornecimento de cocaína ou morfina fora dos preceitos regulamentares.

Para o «Diário do Govêrno».

Do Sr. Adolfo Coutinho e mais nove Srs. Deputados, mantendo no Liceu de Camões o curso complementar de letras.

Aprovada a urgência.

Para a comissão de instrução secundária.

Para o «Diário do Govêrno».

O REDACTOR—Avelino de Almeida.