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26 Diário da Câmara dos Deputados

Mas, porque caiu, então, o Sr. José Domingues dos Santos?

Àpartes.

Perdão, peço desculpa; isto é uma pregunta que eu hei-de fazer na próxima segunda-feira.

Risos.

Mas, porque caíu o Sr. Rodrigues Gaspar?

Caiu, parece; por ter feito a política económica e financeira do Sr. Álvaro de Castro.

Mas o Sr. Álvaro de Castro, apesar 4e o Sr. José Domingues dos Santos ter dito que a sua obra seria tim tim por tim tim a política do Sr. Álvaro de Castro, já disse que a sua política e a do seu grupo seriam a que orientaram o seu Ministério, o que significa que já não está satisfeito com esta sua terceira encarnação e já tem preparada uma quarta encarnação.

Àpartes.

Mas esta segunda queda mostrou mais alguma cousa que só não conseguiram ver os olhos cegos do Sr. Teixeira Gomes, e ouvir os ouvidos surdos do mesmo Excelentíssimo Senhor.

Revelou que o bloco estava esfacelado, ainda mesmo que o Partido Democrático o queira sustentai para conservar o Poder, o que é uma aspiração humana.

Àpartes.

Não existindo, portanto, o bloco, a quem deveria ser entregue o Poder que não fôsse o Partido Nacionalista?

O Sr. Presidente da República tem de ter confiança nos seus Ministros, mas os Ministros também têm de ter confiança no Presidente da República.

Eu, por mim, não tenho confiança em S. Exa. e digo isto pessoalmente e não queria ser Ministro com S. Exa. porque tem estado sempre contra o meu partido, mas o meu partido tem o direito, senão o dever constitucional, de ser considerado.

Não sei a idea que o meu partido faz a respeito do Sr. Presidente da República.

Sei que o voto é secreto, mas digo que quando da eleição presidencial votei com lista branca.

Não sei como votou o meu partido.

Apartes.

Mas o certo é que, assim como S. Exa. tem direito a ser respeitado nas suas regalias, há também praxes parlamentares a atender.

Desde o momento que surgiu a questão como surgiu, o Sr. Presidente da República devia considerar também a possibilidade de o Partido Nacionalista' formar Govêrno, sem mim, evidentemente.

Sr. Presidente: o Sr. Presidente da República, em outra crise, tinha estabelecido a sua atitude de esperar dias pelo homem ausente.

Àpartes.

O meu partido tem o direito de não ser considerado fora do regime constitucional, cujo lugar alcançou por direito de conquista, e não quero empregar outra expressão porque respeito muito o Parlamento; não quero que se julgue que só queremos desagradar ao Sr. Presidente da República, mas é necessário que o país saiba a situação do meu partido e as suas responsabilidades.

Sr. Presidente: esta minha atitude individual virá provocar azedumes ao Sr. José Domingues dos Santos, mas não é essa a minha intenção.

O que é certo é que o Partido Democrático prefere tudo a abandonar o Poder.

Assim, tenho, pois, o direito de dizer que, excepto o Partido Democrático, o Sr. Presidente da República esquece para Govêrno todos os outros partidos.

Estas palavras minhas são ditas em meu nome pessoal, mas, limadas algumas agruras desta ou daquela frase, poderão também ser o modo de pensar do meu Partido.

Quero dizer ao Sr. José Domingues dos Santos uma cousa:

Conquistar o poder, ou tentar conquistá-lo, é uma cousa legítima a todo aquele que julga ter ideas dentro da cabeça e capacidade para as realizar.

Não sou eu, portanto, sr. Presidente, que me zangue com a atitude assumida pelo Sr. José Domingues dos Santos, para assaltar as cadeiras do Poder.

Não sou daqueles que encontram essa qualidade, no Sr. José Domingues dos Santos para deminuir o seu carácter; pelo contrário, entendo que ter vontade de realizar ideas, quando as haja, são qualidades que só engrandecem, não se compreendendo que, dentro do campo legal, os seus amigos tratem de impedir que êle