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Sessão de 27 de Novembro de 1924 25

O Sr. Vasco Borges contesta, primeiro, a legitimidade do acto que atirou para fora daquelas cadeiras o Govêrno transacto, e, a seguir, a capacidade do actual para o substituir.

O Sr. Vasco Borges, contesta, ainda, ao actual Govêrno ò direito de falar numa cousa que parece ter desaparecido, isto é, no celebre bloco a que S. Exa.? pertenceu e cuja existência presentemente ignoro.

Mas então, postas estas premissas e deixando por agora o Govêrno sossegado, interroguemo-nos sôbre um ponto que eu reputo essencial.

E agora eu peço licença ao meu partido para falar única e exclusivamente em meu nome pessoal. Suponho que as pessoas que, como eu, têm levado uma v.ida de independência a ponto de criarem verdadeiras incompatibilidades, tem o direito de pedir licença para falar claro e sem rodeios.

Ora, se é verdade tudo o que afirma o Sr. Vasco Borges, e em que situação se colocou o Sr. Presidente da República? É bom que as cousas se ponham com franqueza. Há, acaso, o dever de considerar como Presidente da República um presidente que ignora sistematicamente a existência de um dos partidos políticos do regime e que fantasia, governos que não correspondem a uma necessidade objectiva?

Eu sei que sou impolítico fazendo estas preguntas, porque sei que a tática consiste em afastar todas as possibilidades de união dos grupos desavindos do Partido Democrático.

Mas, se adoptássemos essa política fácil e comesinha, o País veria com bons olhos o nosso procedimento?

Devemos, pois, confessar a verdade.

Tudo indica que o Partido Democrático, ao escolher o actual Presidente da República, escolheu bem. O Sr. Presidente da República é, de facto, o presidente do Partido Democrático; não é o meu, não é o nosso Presidente.

Não apoiados.

O Sr. Presidente da República, depois da madrugada de 10 do Dezembro último, condenou à morte o Govêrno presidido pelo Sr. Ginestal Machado, e a que eu pertencia sem o merecer.

Não apoiado do Sr. Ginestal Machado.

O Orador: — Constituíu-se depois um bloco formado por accionistas, democráticos é independentes, para servir de base a um Govêrno. Do primeiro Govêrno saído dêsse bloco foi presidente o Sr. Álvaro de Castro.

Porque caiu o Sr. Álvaro Castro?

Caiu porque a certa altura se cansaram da permanência dele no Poder e entenderam que lhe deviam dar um substituto.

Quem foi êsse substituto?

Foi o Sr. Rodrigues Gaspar.

E, Sr. Presidente, o primeiro cuidado do Sr. Rodrigues Gaspar foi garantir que estava na Presidência do Govêrno para cumprir integralmente o programa que lhe fôsse determinado pelo Sr. Álvaro de Castro. A sua política financeira e económica era a mesma do Govêrno anterior.

Tam bem cumpriu o Sr. Rodrigues Gaspar o mandato que lhe havia sido marcado pelo Sr. Álvaro de Castro, que foi possível a êste, em várias conferências, gabar-se dê que fora o autor da melhoria cambial que o Sr. Daniel Rodrigues queria atribuir à sua acção.

O Sr. Daniel Rodrigues assina-se vulgarmente Roiz.

O Sr. Álvaro de Castro, vendo que o Sr. Roiz queria roer-lhe a glória, em más falas ao público, declarava sempre que a glória lhe pertencia.

Risos.

Foi o sr. Rodrigues Gaspar a segunda encarnação do Sr. Álvaro de Castro, e também o Sr. Gaspar encarnou o espírito do Sr. Álvaro de Castro, de modo que, se êste não o considerar como seu irmão siamês, será bastante injusto.

Risos.

A certa altura, uma parte do bloco junta-se a nós, oposição, o atira a terra q Govêrno do Sr. Gaspar. E eis que a substituí-lo nos aparece o Govêrno presidido pelo Sr. Domingues dos Santos, que não renega a política do seu antecessor. Já disse que pretendia continuar a política financeira e económica dos Governos anteriores. Temos, pois, no Govêrno actual a terceira encarnação do Sr. Álvaro de Castro.

Risos.

Portanto, estas três situações ministeriais saídas do bloco são iguais a um só homem verdadeiro, o Sr. Álvaro de Castro.