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20 iário da Câmara dos Deputados

É ocasião de dizer ao Govêrno que existe já nesta Câmara um trabalho, e melhor não conheço, apresentado pelo Sr. João Camoesas, que deve ser apreciado, estando já em estado na respectiva comissão.

A obrigação do Govêrno é empregar todos os esfôrços para que êle tenha seguimento e assim satisfará ò compromisso tomado na declaração que acaba de ser lida.

Diz o Govêrno, pela sua declaração ministerial e também o disse o Sr. Presidente do Ministério no acto da sua posse, que empregará todos os esfôrços para acudir à situação: desgraçada do povo quanto aos géneros de primeira necessidade.

Mas os géneros de primeira necessidade não são só os que dizem respeito à alimentação; são também os que dizem respeito ao vestuário, etc.

Emquanto um metro de algodão custar cinco e seis escudos, não há possibilidade de se andar vestido.

Apoiados.

Sr. Presidente: na declaração ministerial vem uma frase a que me desejo referir.

Diz o Govêrno que haverá liberdade para todos.

Não se esqueceu o Govêrno de dizer que haveria liberdade religiosa, mas dentro da lei.

Sr. Presidente: liberdade não é abuso, como tem sucedido ultimamente, havendo abusos que é preciso que acabem de uma vez para sempre.

O jornal A Batalha do dia 13 de Setembro dêste ano, no alto 'da sua página, dizia: «A perigosa invasão do exército negro».

Nada mais verdadeiro!

Mais abaixo, em quatro ou cinco colunas, demonstra como a reacção tem medrado e como por essas províncias fora se vêem nos hospitais irmãs hospitaleiras!

Sr. Presidente do Ministério: chamo a atenção de V. Exa. para o relatório do Sr. Borges Grainha e não é a primeira vez que faço êste apelo ao Poder Executivo.

É preciso que a lei se cumpra e que o Sr. Presidente do Ministério, em harmonia com as suas palavras...

O Sr. Jorge Nunes: — Que disse lá fora...

O Orador: — ... E vêem aqui na declaração ministerial...

Sr. Presidente: hei-de instar para que se discuta e voto a proposta de lei que faz reviver a lei da Separação, posta de parte por uma ignominiosa revolução.

Estou certo de que o Govêrno terá o aplauso do Parlamento.

Sr. Presidente: vou terminar, mas antes quero saudar o Govêrno, do fundo do meu coração, do fundo da minha alma, esperando que êle restaurará no país a República proclamada em 5 de Outubro.

V. Exa. Sr. Presidente do Ministério, não terá só o apoio e o aplauso do Parlamento; terá o apoio e o aplauso da opinião republicana do país inteiro.

E, quando V. Exa. houver terminado o seu mandato, terá entrado no número dos grandes homens desta Pátria.

Tenho dito.

Vozes: — Muito bem. Muito bem.

O orador não reviu.

O Sr. Vasco Borges: — Sr. Presidente: tenho a maior consideração pelo meu ilustre colega nesta Câmara, Sr. Sá Pereira, pelas suas qualidades de republicanismo e de patriotismo, e ainda pela enorme sinceridade que sempre o anima. Mas, Sr. Presidente, hoje permito-me declarar que S. Exa. não falou em meu nome.

Vou, portanto, falar em meu nome pessoal, crendo, todavia, que interpreto também o sentir e o pensar de outros correligionários meus.

Apoiados.

Vozes: — Não apoiado!

O Orador: — Uma vez que ouvi apoiados e não apoiados, está confirmada a exactidão do que afirmei.

Sr. Presidente: governar na hora que passa, é, com efeito, uma missão árdua, espinhosa, missão que exige sacrifícios e abnegações tantas vezes mal retribuídos, tantas vezes sem serem reconhecidos e que tantas vezes ainda acarretam aos que se sacrificam os maiores perigos e até os mais tremendos desgostos.