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18 Diário da Câmara dos Deputados

Sr. Presidente: não é êste o ensejo para discutir se as alterações feitas pelo anterior Ministro das Finanças são ou não de aceitar neste momento, mas o que desejamos é fazer duas afirmações: visto que nos são apresentados, como razão principal, os altos interêsses da Nação, votaremos o duodécimo.

Todavia, queremos lamentar que, adentro dêste Parlamento, se tenha perdido estèrilmente tanto tempo em discussões, por vezes bisantinas, e se não tenha votado o Orçamento do Estado, que é, afinal, uma das razões fundamentais do funcionamento de qualquer Parlamento.

E tanto mais quanto é certo que esta sessão parlamentar foi expressamente convocada para discutir e votar o Orçamento, discussão e votação que, todavia, se não fizeram, nEo obstante estarmos reunidos há quási um mês.

Sr. Presidente: esperamos que, passado o prazo para que nos é pedida a votação do duodécimo, o Govêrno se não veja na necessidade de vir ao Parlamento pedir a votação de novo duodécimo.

Tenho dito.

O orador não reviu.

É aprovada a proposta na generalidade e, em seguida, aprovada na especialidade, sem discussão.

O Sr. Júlio Gonçalves: — Requeiro a dispensa da leitura da última redacção.

É aprovado.

O Sr. Presidente: — Vai iniciar-se o debate sôbre a declaração do novo Govêrno.

Terá a palavra o Sr. Sá Pereira.

O Sr. Sá Pereira: - Sr. Presidente: em nome dêste lado da Câmara, tenho a honra de saudar o Govêrno que acaba de se apresentar ao Parlamento.

Faço-o com infinita satisfação e com a maior das alegrias.

O Sr. Presidente do Ministério, além de ser uma das figuras mais categorizadas do meu partido, é um amigo querido, que eu muito estimo e admiro pelas suas belas qualidades de carácter e pela sua rara envergadura de lutador, que faz com que S. Exa. seja como que o porta-estandarte das reivindicações da moderna sociedade portuguesa. Não pode, pois, estar entregue o poder em melhores mãos no momento difícil que atravessamos.

Todos os seus colaboradores são homens públicos sobejamente conhecidos, quer aqui, quer lá fora, para que eu sinta necessidade de dizer de cada um deles o muito que têm feito pela causa pública.

O Sr. Pedro de Castro, ilustre Ministro da Justiça, é conhecido como um magistrado ilustre e como homem que conhece de perto os negócios da pasta que lhe foi confiada.

O Sr.. Helder Ribeiro, ilustre Ministro da Guerra, é um velho lutador cuja passado não podemos evocar sem evocar também os tempos saudosos da propaganda contra a monarquia.

S. Exa. tem no meu coração um lugar sagrado, visto que foi meu companheiro no movimento de 28 de Janeiro, e de perto admirei as suas altíssimas qualidades. Lembro-me ainda de várias reuniões que-então se efectuaram, e do facto dos oficiais que a elas assistiam DOS pedirem para não lhes falarmos na rua.

Helder Ribeiro, que a essas reuniões comparecia sempre fardado, desdenhava em regra todas as precauções, tomando altivamente a responsabilidade do seu procedimento.

S. Exa. era por êsse tempo tenente de caçadores 5.

O Sr. Sousa Júnior — é preciso não esquecer — foi o primeiro Ministro da Instrução da República, a convite do Sr. Afonso Costa, a quando do Ministério a que êste presidiu em 1913.

S. Exa. é não já uma grande figura do meu partido, mas uma grande figura da República.

O Sr. João de Barros ó, também, um velho republicano e um homem que ainda há pouco tempo esteve na Grécia a convite do Govêrno dêsse país, que assim pôs em relevo o alto valor de S. Exa.

O Sr. Pestana Júnior, actual Ministro das Finanças, também meu velho amigo, pertenceu a esta casa do Parlamento durante alguns anos.

E, para que bem se avalie do que vale o seu carácter, eu recordo a atitude desassombrada de S. Exa. ao acompanhar a maioria desta Câmara nós seus protestos contra o facto de o Govêrno do Sr. Bernardino Machado ter aberto as portas da