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28 Diário da Câmara dos Deputados

quela Seara Nova que tem atirado para aqui com cada espiga (Risos) que muitas vezes tem já feito arrepender aqueles que julgaram que nela encontrariam um pilar.

O Sr. Ezequiel de Campos, que pela sua obra escrita é sobejamente conhecido, encontra-se de repente armado em bolchevista; e propõe-se pelos visos, fazer uma revolução na terra portuguesa.

E, Sr. Presidente, é sôbre êste ponto que eu entendo fazer uma pregunta muito concreta ao Sr. Presidente do Ministério.

Chega o momento de eu ver possivelmente esta declaração em contradição com o passado do Sr. José Domingues dos Santos.

Diz S. Exa., neste farrapo, que o Sr. Ezequiel de Campos pretende que o Estado reivindique, com os meios jurídicos ao seu alcance, os terrenos incultos.

Nestas condições, o Sr. Presidente do Ministério declarou, simples Deputado então, que o direito de propriedade não só era contestável mas tinha de sofrer profundas modificações.

Há-de dizer-me S. Exa., pois, se as ideas do Sr. Ministro da Agricultura se conciliam com as suas afirmações. Pretende S. Exa. expropriar a terra ou explorá-la por conta do Estado na posse efectiva dos respectivos proprietários?

Sr. Presidente: é preciso salientar que há muita terra que a ignorância dos nossos portugueses classifica de «crime» não cultivar e que é incultivável.

Por isso eu peço ao Sr. Presidente do Ministério para tomar boa nota do seguinte: qual a forma que o Sr. Ministro da Agricultura se propõe pôr em prática para tornar possível o aproveitamento dos latifúndios?

Com o Sr. Ministro das Colónias dá-se até uma circunstância que, por ser curioso, eu não quero deixar de relembrar neste momento.

Como a Câmara sabe, o Sr. Carlos de Vasconcelos foi ainda há pouco tempo o proposto para governador da Guiné.

Porém a maioria democrática do Senado não reconheceu S. Exa. com a idoneidade bastante para desempenhar êsse cargo.

Ora eu não ponho em dúvida os conhecimentos coloniais do Sr. Carlos do Vasconcelos.

Não tenho o direito de o fazer, tanto mais que por várias vezes tenho visto S. Exa. ocupar-se de questões relativas às nossas colónias.

Todavia a atitude do Senado faz com que eu não perceba como é que se pode fazer dum homem, que não tem idoneidade bastante para ser governador da Guiné — uma das nossas mais modestas colónias — Ministro das Colónias.

Isto é deveras curioso, embora eu esteja habituado a ver quanto a política é cheia de incoerências.

Queira Deus que S. Exa., como Ícaro, não queime as asas no seu voo ousado.

Quanto ao Sr. Ministro do Comércio, meu prezado amigo, que eu muito considero pelas suas qualidades de carácter e de trabalho, lamento que S. Exa. se encontro amarrado a um pelourinho onde nada pode fazer.

S. Exa. afirma-nos por intermédio da declaração ministerial que está disposto a fazer cumprir integralmente a lei n.° 1:327.

Todos nós sabemos o que isso é...

São velhos créditos a favor dos caminhos de ferro, de que o Estado se utilizou.

É uma velha história, cujo ajuste de contas se há-de um dia fazer neste Parlamento.

Quanto ao radicalismo dos propósitos do Sr. Ministro do Comércio, devo dizer com franqueza que o não vejo.

Não se fala em resgate ou nacionalização de linhas.

Faz-se porém a vaga promessa de mais 100 quilómetros de via férrea, naturalmente para aguçar os apetites daqueles políticos que não se encontram muito dispostos a aplaudir a política radical do Govêrno.

Trata-se — pode afirmar-se — duma simples bandeirola eleitoral.

Sr. Presidente: há na declaração ministerial um ponto muito importante que convém esclarecer, ponto que é certamente o mais melindroso dessa declaração.

Refiro-me àquele que diz respeito à política religiosa do Govêrno.

O Sr. Presidente do Ministério na sua propaganda pelo país, para captar simpatias e aplausos que são sempre fáceis por parte daqueles que de religião e livre