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Sessão de 28 de Novembro de 1924 31

que podem impor-se na vida de um homem.

Sem receio dessas responsabilidades, e porque a minha vida me conduzia para
outros meios, eu esperava confiado nos homens que via sucessivamente tomarem
conta, do Poder.

Porém, depois das minhas observações, eu, soldado disciplinado do Partido Republicano Português, para onde entrei, sobretudo na convicção de que formava na extrema esquerda da República, cheguei ao momento de erguer o meu protesto. Por conseguinte, a minha alegria ao ver êste Govêrno no Poder e ao ler a declaração ministerial é justificada.

Êsse meu sentimento de protesto coincidiu com a queda do Govêrno Álvaro de Castro, subindo depois ao Poder o Sr. Rodrigues Gaspar.

E o meu modo de sentir ficou bem expresso num artigo do jornal O Mundo, que me acolheu.

Não o vou ler todo para não demorar a atenção da Câmara; mas lerei apenas alguns trechos.

Leu.

Não quero melindrar ninguém, más no íntimo da minha consciência reprovo em absoluto a situação em que o Sr. Afonso Costa deixou os SPUS correligionários.

O Sr. João Camoesas: — Não apoiado!

O Orador: — Sabe V. Exa., Sr. João Camoesas, que lima das características dos povos fortes é esquecer os seus grandes homens.

Eu tenho pelo Sr. Afonso Costa uma alta consideração, e, como combatente da Grande Guerra, presto-lhe a minha homenagem; mas isso não impede que diga que um dos maiores deveres do homem público é estar junto do seu País.

Nada justifica que um homem público não sacrifique tudo pela sua Pátria.

Os sacrifícios só se entendem de uma maneira absoluta.

Estas palavras escritas há meio ano podiam ter sido postas na declaração ministerial.

Notem V. Exas. que não dou o meu apoio ao Govêrno pelo facto de ter nele amigos, mas sim porque êle vem ao encontro do que eu penso.

Continua lendo.

Referindo-me ao Sr. Rodrigues Gaspar, permita-se-me que, agora, em público, eu diga o que já tenho tantas vezes declarado em conversas entre amigos:

Tenho por S. Exa. uma alta consideração; reputo-o um homem excepcionalmente inteligente, possuindo o verdadeiro savoir faire.

Não saiu S. Exa. deminuído do Poder. Saiu absolutamente íntegro.

Não me importaria nunca, em condições nenhumas, de lhe dar o meu apoio.

Não se trata de pessoas; tratava-se de um Govêrno presidido por S. Exa. que não tinha, as características que devia apresentar.

Continua lendo.

Era o Govêrno Álvaro de Castro.

E chega a altura de, dizer que êle iniciou a política dos impostos que duma maneira incompreensível era como um pêso morto sôbre o Partido Democrático, que passou desde 1918 até 1923 sem tocar em impostos.

O Sr. Vitorino Godinho: — V. Exa. diz-me qual é a data da lei que reformou o sistema tributário?

O Orador: — Eu olho a finalidades.

Não me importo com as intenções desde que delas não resulte qualquer cousa de prático.

O Sr. Velhinho Correia: — Tudo isso é história antiga!

O Orador: — V. Exa. que antigo deve gostar por isso desta história.

Mas, acrescentava eu no jornal:

Leu.

E eu digo aos meus correligionários que é assim que compreendo a disciplina num partido: um conjunto de inteligências, um congregar de pensamentos; e, depois, em torno dêsses pensamentos, a união dos seus filiados.

Mas dizia eu mais:

Leu.

Já vê V. Exa., Sr. Presidente, que as minhas palavras, que nenhum merecimento podem ter e que dizem respeito à situação política actual, à coerência da convicção dos meus pensamentos e à justificação do pleno apoio que êste Governe