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Sessão de 3 de fevereiro de 1925 23

A questão de amizade prima muitas vezes sôbre a questão dos interêsses do Estado, e esta é uma delas.

Mas que o Sr. Ministro das Colónias queira ser salvo por êste processo, isso é que acho um bocadinho mais exquisito.

Se um dia tivesse feito a redacção infeliz dum telegrama, se tivesse agitado um problema de Angola como êste, se tivesse preocupado toda a gente do Conselho Legislativo, e feito nas faltas de esperança da gente de Angola nascer essa esperança, eu queria cair agarrado à interpretação dêsse meu telegrama. Poderiam os meus amigos querer salvar-me, mas eu daquele lugar enjeitaria essa salvação.

O que aqui está escrito na redacção das instruções é claro. É uma garantia do local de pagamento ou do próprio pagamento?

Não, o local pouco importa aos credores; o que aqui está é isto: eu, Ministro, não desejo que a Metrópole pague, mas, se fôr preciso a Metrópole pagará.

Apoiados.

E agora veja-se a situação de um Governador Geral, desamparado porventura por um voto da Câmara! Então, V. Exas. querem levar às colónias a convicção de que nós somos tam mesquinhos que, entre o interêsse de conservar mais um Ministro, e o de lavrar mais fundo o descrédito numa província já desacreditada, nós não evitamos em sacrificar a província!

A situação do Sr. Álvaro de Castro é simpática; é um amigo que pretende salvar. Eu, que sou tam amigo dos meus amigos, talvez não levasse tam longe a minha dedicação, mas cada um procede como entende.

Agora que o Sr. Ministro das Colónias queira aceitar esta situação, é uma bizantinice.

Salve S. Exa. o seu nome, acima do seu lugar!

Apoiados.

E tanto é esta a nossa interpretação do telegrama, que nós não temos dúvida em votar a moção do Sr. Amaral Reis, que não é incompatível com a nossa. Evidentemente, e com a votação da moção, o que é que a Câmara significa ao Ministro? Que anule o efeito das suas instruções, pode, realmente, receber obrigações de uma entidade que não pode pagar?

Se o Sr. Ministro das Colónias tivesse pôsto "pagas aqui na Metrópole", teria feito uma cousa que estava abaixo da sua inteligência. Mas S. Exa. assim o quis, e para êle eram todas as responsabilidades e espero o momento preciso para darmos a gargalhada final.

É preferível que os homens de Estado e os Governos caiam por erros que pratiquem do que perante uma gargalhada!

Tenho dito.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taguigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Álvaro de Castro: - Sr. Presidente : pedi a palavra para responder às observações do Sr. Vicente Ferreira, dizendo a S. Exa. que é estranhavel que tenha feito fé sôbre uma portaria que S. Exa. não viu nem sabe o que contém e que S. Exa. não pode responsabilizar-se pelas expressões que julga que ela contém.

Também estranho que o Sr. Cunha Leal tenha feito afirmações tendentes a levar a Câmara a uma determinada resolução apenas por telegramas particulares que até hoje não fazem prova.

Eram estas ligeiras palavras que eu desejava dizer à Câmara.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente: - Não há oradores inscritos para antes de se encerrar a sessão. A próxima sessão é amanhã 4, às 14 horas, com a mesma ordem de trabalhos.

Está encerrada a sessão.

Eram 19 horas e 25 minutos.

Documentos enviados para a Mesa durante a sessão

Constituição de comissão

Negócios eclesiásticos: Presidente o Sr. Almeida Ribeiro. Secretário o Sr. Joaquim de Matos.

Para a Secretaria.