O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 6 de Fevereiro de 1925 27

A situação hoje é delicada; estamos nas cotações maiores de há 26 anos a esta parte. Assim, o trigo que comprei hoje vai ficar em Lisboa a um pouco menos de 1$80. Ora êste número basilar ou importa um pão de guerra, ou importa um pão político, ou importa ainda uma alta no preço do pão.

O Poder Legislativo dir-me-há qual a resolução que devo tomar e eu a cumprirei. Mas eu quero um diferencial que me dê o bastante para fazer aquilo a que chamo a política do pão, isto é, uma receita tal que me habilite a fazer as obras de rega que se forem estudando como melhores, assim como o povoamento e a reforma agrícola.

Pelo menos para o essencial dêstes dois últimos problemas, e para se realizar a rega de Santarém a Vila Franca, como lição a todos os portugueses, ao lado do caminho de ferro, com o que se obterá prados, hortaliças, legumes, frutas, gado nédio e abundante... enfim, o triunfo de uma enorme e variada colheita agrícola a cantar sob o nosso lindo céu, no vale do Tejo, ainda barbaresco, a glòria do saber humano no prodígio da produção.

Apoiados.

É a luz mais bela da Europa que se perde; é o clima mais equilibrado, talvez, das regiões temperadas do mundo, que não tem o devido aproveitamento; essa luz que não somos capazes de estragar por vir de muito alto.

O Sr. Moura Pinto: - Nem de selar!

O Orador: - Isso não é comigo.

Essa luz devia alumiar já de há muito a obra da moderna engenharia, que transportasse a água do rio para as leivas sequiosas, onde todos os verãos reina a secura da mirra, transformando-as em terra de promissão.

Sr. Presidente: nunca vemos o trigo mais barato do que êle custou. Evidentemente o pão político é aquele que é feito com o trigo comprado pelo Estado por certo preço e vendido por preço menor.

O trigo exótico do Estado foi vendido por mim pelo preço que custou e ainda com o diferencial superior a $10, sendo fácil fazer a conta de 280 xelins por tonelada para 1$60 por quilo, para ver que há ainda, como sempre houve desde que aqui estou, uma taxa diferencial cobrada para o Estado.

É preciso dizer isto, porque uma cousa é o pão político e outra é a política do pão.

O Govêrno a que pertenço tentou resolver honestamente um problema.

Apoiados.

Não tem culpa de que contra êle conspirasse todo o estrangeiro que produz e consome trigo, não tem culpa de que o vapor que havia de chegar antes de 20 de Janeiro só chegue na próxima segunda-feira, e não tem culpa, também, da minha pouca competência(Não apoiados) para dirigir um movimento comercial enorme, dificílimo, com interêsses formidandos pela massa do capital que representam e pela complexidade de legítimos valores a respeitar.

O Ministro da Agricultura, como disse, encontra-se hoje numa situação difícil perante o problema do pão. O Poder Legislativo dará as suas indicações sôbre o assunto.

- Que prejudiquei a lavoura; que quero mal à lavoura!

Quem me acusa, nem conhece o problema e os factos, nem me conhece a mim.

Recebi o problema do pão em péssimas bases. Toda a gente dizia:

- A libra baixou de um têrço - o pão deve baixar de um têrço.

E eu só pude fazer a baixa de uns míseros dois ou três centavos por quilograma!

Ninguém ficou satisfeito, justamente porque estamos na casa onde não há pão.

Mas a lavoura, que jogou com o manifesto vendendo muito trigo fora dêle a 2$ e mais, tirando o pânico de poucos dias entre os meus decretos acêrca do pão, vendeu sempre o seu trigo pelo menos a 1$80 por quilograma.

E se não vendeu algum a êste preço, foi justamente porque não o manifestou: isto é, por sua culpa.

Ouvi tantas contas e tantos números dos Srs. Deputados, todos tanto no ar, que não devo contradizê-los e comentá-los.

- Que quero mal à lavoura!

Quando é certo que por ela tenho sofrido canseiras e despesas, como talvez ninguém em Portugal. Curiosa sorte a minha: foi preciso ser Ministro para que