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Sessão de 6 de Fevereiro de 1925 25

aquele as que ficam ao norte do caminho de ferro.

Conta-se com a vasão de 4 a 8 metros cúbicos por segundo, e uma elevação anual de 41 a 100 milhões de metros cúbicos de água, conforme se não adoptar ou se adoptar o arroz no afolhamento.

Parece que se deve eliminar o arroz, que encontra nos planos de rega com água por derivação, isto é, não elevada mecânicamente, melhores circunstâncias de produção económica.

Também o vale do Tejo, especialmente entre Santarém e Vila Franca, merece melhor destino.

O canal pode também ceder 2 metros cúbicos de água por segundo para Lisboa, a cidade famélica e sedenta.

Custará êste empreendimento, sem atender aos canais de distribuição nem à regularização do terreno para a rega, cêrca de 200:000 libras, no caso de se excluir o arroz do afolhamento, ou a cêrca de 20 libras por hectare irrigável.

A despesa anual de conservação e exploração regulará por 14:000 libras, com juros e amortização, por 37:528 libras, na mesma hipótese de se não cultivar o arroz.

E então o encargo anual por hectare será de 3.95 libras ou, ao câmbio actual, de 395$.

Como se realizará a obra?

Algumas entidades financeiras e alguns lavradores da região mostram interêsse pela obra.

Se continuar no Govêrno, convocarei os interessados para estudarmos a viabilidade do empreendimento, facultando o Estado tudo o que puder.

No caso de não se conseguir uma emprêsa nas normas gerais da lei das águas, de 10 de Maio de 1919, e da minha proposta de organização rural, o Govêrno, passando por cima de todas as dificuldades, iniciará as obras "logo que esteja elaborado o projecto", e executá-las há à sua custa, usando das regalias de concessionário expressas na lei das águas.

Tem tudo o que é necessário para que as obras só realizem, a começar pelo dinheiro; pois, como disse, o trigo há-de dar êste ano, até a colheita do que está a crescer, cêrca ou mais de 15:000 contos, isto é, mais de metade do custo das obras de rega entre Santarém e Vila Franca, e o ensino e fomento tradicionais deixarão livre dinheiro bastante para pagar metade das obras, ou soja toda a actividade dêste ano e de parte do que há-de vir.

E, ai de nós, no ano próximo bem por certo teremos ainda receita de trigo para o resto das obras e começar outras!

Vê bem, Sr. Presidente, como se pode transformar, apenas por uma correcção de hábitos antigos, uma política ruïnosa de pão político, ora para a lavoura e Moagem, ora para toda a gente, sempre com favor para alguns e ao mesmo tempo com a ruína de todos, em política benéfica do pão.

É o que tenho estado a fazer e que levarei a cabo ràpidamente na partilha de baldios, terras incultas e charnecas, dentro das leis existentes, e brilhantemente na primeira obra de rega que espero iniciar em Junho próximo, logo que tenha o projecto definitivo elaborado.

Na vida atribulada que leva o Govêrno de que faço parte, tudo isto pode deixar de ser realizado por mim. Deixo contudo definida uma orientação e trabalhos que nada custará depois seguir quem me suceder.

Devo, como português e engenheiro que sou, fazer aqui um reparo: um engenheiro inglês recebe por dia 25 libras esterlinas pelo seu trabalho de estudo de obras de rega de Portugal; o Govêrno não quis pagar-me menos do que isso por mês para fazer o estudo das obras de rega do Ribatejo, quando, tendo-me convidado para êsse trabalho, eu lhe pedi que me pagasse o mínimo que podia receber.

Não censuro o Govêrno que contratou sir Murdoch Mac Donald, porque havemos talvez de ficar a saber quanto custa ter ideas aproveitáveis; mas tenho pena e revolta por não saberem os governos aproveitar os homens que temos em Portugal, alguns tam capazes como os estrangeiros de estudar e realizar os nossos empreendimentos fundamentais.

Apoiados.

Ainda bem que temos um engenheiro competente e livre de peias burocráticas para a orientação do estudo das obras de rega.

Seguirei na política de realização, alheio ou pelo menos indiferente a êste Bisâncio,