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18 Diário da Câmara dos Deputados

Sr. Presidente; não me surpreendia que o Govêrno assim pensasse, porquanto alguns dos meneurs dos explorados, que dirigiram a manifestação a Belém, foram daqueles que contribuiram mais largamente para o escândalo dêsses bairros.

Nestas condições, talvez S. Exa. queira atender as reclamações dêsses meneurs dos explorados contra os exploradores, que somos nós, os que pagamos para os escândalos dos Bairros Sociais.

Sr. Presidente: apesar das preguntas que já formulei ao Sr. Presidente do Ministério, desejava ainda que S. Exa. me informasse acêrca do que pensa sôbre a questão da selagem, que constitui uma reclamação justíssima apresentada ao Parlamento.

Sôbre a dissolução da Associação Comercial, devo dizer à Câmara o seguinte:

Na declaração ministerial diz o Govêrno que, dentro da lei, hã-de sufocar todas as rebeliões, todos os actos de desrespeito aos poderes constituídos.

Mas qual foi o acto de desrespeito aos poderes constituídos que a Associação Comercial cometeu para justificar a sua dissolução?

Por ventura saíu ela fora da letra dos seus estatutos? Não.

Então o Sr. Presidente do Ministério vê no acto das fôrças económicas uma rebelião, e acha bem que se façam manifestações onde se dão vivas à revolução social?

Se assim é, Sr. Presidente, chegamos à conclusão de que estamos em presença dum Ministério bolchevista.

Eu devo frisar que o Sr. Almeida Ribeiro mandou para a Mesa uma moção que, na verdade, não é de confiança ao Govêrno, o que mostra bem a confiança que o Parlamento tem em S. Exas.

O Sr. Almeida Ribeiro, leader da maioria, ao apresentar a sua moção sôbre a declaração ministerial, não disse uma única palavra que pudesse mostrar confiança no Govêrno, tendo declarado apenas que o Govêrno era constitucional.

Não disse, repito, uma única palavra que demonstrasse confiança no Govêrno.

É possível que S. Exa. o Sr. Presidente do Ministério, se contente com a moção que foi enviada para a Mesa pelo Sr. Almeida Ribeiro, visto que S. Exa. se contenta com pouco, assim como com pouco se contentaram os partidários dos títulos do empréstimo rácico.

Disse o Sr. Almeida Ribeiro que a acção do Govêrno transacto tinha levantado, agitado a opinião pública, que estava sem se manifestar.

Não posso deixar de protestar contra estas palavras do Sr. Almeida Ribeiro, tanto mais quanto é certo que nas manifestações que ultimamente se deram foram levantados vivas à Confederação Geral do Trabalho.

Protesto, Sr. Presidente, repito, contra estas palavras do Sr. Almeida Ribeiro, e tanto mais quanto é certo que S. Exa. se referiu apenas às últimas manifestações que só deram, justamente em que se levantaram, como todos sabem, vivas à, Confederação Geral do Trabalho.

O Sr. Almeida Ribeiro: - Não apoiado, Eu referi-me também às anteriores manifestações.

O Orador: - Julguei que V. Exa. se tinha referido apenas às últimas manifestações que se deram, folgando, portanto, muito com a sua rectificação.

Sr. Presidente: dito isto, ainda me vejo na necessidade de fazer duas simples declarações em nome dêste lado da Câmara.

Continuamos e continuaremos, Sr. Presidente, no nosso pôsto, por isso que entendemos que é êsse o nosso dever, tanto mais quanto é certo que a nossa situação é diversa daquela em que se encontra a minoria nacionalista, não vá dar lugar a que a maioria parlamentar, servindo-se da sua superioridade numérica, não tenha nunca em consideração os argumentos apresentados por êste lado da Câmara, sôbre os diversos assuntos que se discutam.

Se a maioria parlamentar assim proceder, isto é, se quiser saltar por cima de tudo quanto seja justo, também não definimos, por agora, a atitude que tomaremos.

Mas, se quiserem tomar na devida consideração os nossos alvitres e as nossas propostas, nesse caso, exerceremos a nossa acção fiscalizadora.

Porem, desde que se discutam medidas que julguemos prejudiciais aos interêsses do País, não seremos nós que daremos ao