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8 Diário da Câmara dos Deputados

pela prática, e que modifiquem o sistema prisional, tornando-o menos dispendioso e mais eficaz para os seus fins sociais.

Constituído numa hora de incertezas para alguns, o Govêrno não desencadeará, nem se deixará, arrastar por paixões que o afastem da funcão que lhe compete na sociedade portuguesa.

Intransigente com a rebeldia e a desordem, será sereno, imparcial e conciliador sempre que dentro da ordem e dos bons princípios se lhe dirijam.

Acentuadamente republicano no campo político, radical no campo económico e financeiro, jamais o Govêrno esquecerá que é a coerência entre os actos e as palavras que melhor dignifica o Poder e o faz acreditar junto dos governados.

Não se arreceia da agitação que os últimos acontecimentos fizeram criar na massa do povo consumidor e trabalhador.

Uma atmosfera de crítica sã e o auxilio daqueles que norteiam a sua atitude pelo supremo interêsse da Nação, militando embora sob diferentes bandeiras, só poderão servir de estimulante a bem trabalhar e a honrar compromissos livre e solenemente tomados desde o primeiro momento.

A forma democrática das instituições que nos regem poderá tornar espontaneamente mais intensa a agitação social; mas, aliviando a compressão das ideas em marcha, afastar-se há para bem mais longe o perigo dos grandes colapsos que tudo subvertem e a ninguém poupam.

Os Governos têm de integrar-se nas verdades que a sua época consagra e, manifestadas as crises, têm como dever, da sua posição de equilíbrio, reajustar as fôrças dispersas, trazendo-as a uma mais proveitosa cooperação em prol da sociedade. - O Presidente do Ministério e Ministro das Finanças, Vitorino Máximo de Carvalho Guimarães".

O Sr. Cunha Leal: - Em obediência às prescrições regimentais, vou mandar para a Mesa a seguinte moção:

"Considerando que o Parlamento republicano português jamais aprovou, por palavras ou por actos, que os governos da República se colocassem ao lado dos exploradores contra os explorados;

Considerando, porém, que o Parlamento se não pode associar á iniciativa ou incitamento à luta de classes, inspirada ou aprovada pelo Poder Executivo;

Considerando que o Parlamento republicano português nunca permitiu, antes se tem deliberadamente oposto a que os governos se sirvam da fôrça pública para exercerem violências de qualquer ordem contra o povo;

Considerando, porém, que não é no momento em que a fôrça pública, atacada à bomba, e feridos alguns dos seus agentes, dá a nobre prova de civismo e educação republicana, de se abster de qualquer violência contra o povo, que deveriam ter sido proferidas palavras que pudessem ser interpretadas como censura a quem tam alevantadamente estava cumprindo os seus deveres, a Câmara dos Deputados repele as insensatas acusações de ter protegido exploradores contra explorados e de haver admitido que a fôrça pública possa servir para espingardear o povo, censura todos aqueles que lhe fizeram essas acusações ou que as aplaudiram, e passa à ordem do dia".

A Câmara compreende, naturalmente, que não foi para ouvir a declaração ministerial do Sr. Vitorino Guimarães, que não foi para receber o Govêrno, a que, por mal dos seus pecados e a que por mal da República S. Exa. preside, que estamos aqui e que neste momento estou falando.

Aproveito, entretanto, a oportunidade para, em nome do meu Partido, fazer a seguinte declaração:

"O Partido Nacionalista não recebe um Govêrno nascido da exploração, de palavras sem nexo, que não saíram de lábios republicanos".

O meu Partido não está aqui para homenagear, nem sequer para dizer aquelas palavras que os correligionários de bom senso republicano têm por hábito dirigir aos governos constituídos normalmente, e que normalmente viram a luz do dia; não de governos que nascem em encruzilhadas, não de governos que nascem em qualquer sítio escuso, mas de governos saídos das naturais combinações dos diferentes elementos políticos.

Muitos apoiados.

Êste Govêrno nasceu da frase que o