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Sessão de 18 de Fevereiro de 1925 9

Sr. José Domingues dos Santos, falecido Presidente do Ministério, pronunciou, num momento de apoplexia, ao voltar a esta Câmara, depois de ter sido aprovada a moção política em que se prometia à Nação não se consentirem ataques à vida, à segurança e haveres dos cidadãos.

O Sr. José Domingues dos Santos, regressando à sala, acentuou, então, peremptoriamente, que o Govêrno caía, porque queria defender os explorados contra os exploradores, que o Govêrno caía, porque a maioria queria que o povo fôsse espingardeado.

O Sr. José Domingues dos Santos caíu quando o Sr. Pedro Pita pronunciou contra o Govêrno aquelas palavras que haviam encontrado eco na sua alma de republicano e de patriota, (Apoiados); palavras que eram suficientes para fazer cair antecipadamente a especulação, se porventura esta ainda existisse.

Apoiados.

Mas o Sr. José Domingues dos Santos é um reincidente. Tem um órgão na imprensa, que se chama A Tribuna, e hoje, com grande espanto meu, vi no jornal As Novidades e transcritas dêsse órgão, estas palavras, que submeto ao exame e consideração dos Srs. Deputados da maioria que votaram pela queda do truculento Govêrno a que o Sr. José Domingues dos Santos presidia:

"Estava cumprida a missão que lhe havia sido imposta por aqueles a sôldo de quem se encontrava; porém, o pior eram as consequências, que êles muito bem tinham pesado, mas a que lhes não era dado atender, porque, primeiro do que êles, havia os interêsses dos exploradores, que o Govêrno havia cerceado, em prol do bem estar dos explorados".

Depois das palavras, porventura impensadas, proferidas pelo falecido Presidente do Ministério, aqui, na Câmara, continua lá fora a especulação comnosco. Nesse jornal diz-se que os Deputados que votaram a moção sôbre a qual caíu o energumeno que estava abusando da nossa paciência são vendidos; qualquer que seja o partido político em que êsses Deputados estejam filiados, êles são apodados de vendidos aos exploradores, que miseravelmente os compraram.

Por nossa parte, devolvo, intacta, a acusação.

Há certa maneira de fingir defender os explorados, defendendo certos exploradores.

Por exemplo, a reforma bancária, que era a concentração capitalista da indústria bancária.

Por exemplo, aquele célebre decreto que fazia a reforma das pautas em relação à indústria de lanifícios e chá dos Açores, levando a protecção a êstes produtores e agravando o encarecimento da vida.

Apoiados.

Há, acentúo-o, muitas maneiras da gente se fazer defensor dos explorados: e uma delas consiste em fingir que nos colocamos ao seu lado.

Em nome do meu Partido repilo as insinuações que foram feitas a êste lado da Câmara.

Muitos apoiados.

Quem duvida da honestidade dos outros está sujeito a uma resposta: a que se contém nas próprias insinuações.

Muitos e vibrantes apoiados da direita e do centro.

Para se chegar a êste estado de confusão em que presentemente vivemos, fez-se tudo.

Depois de se ter recorrido às piores qualidades do homem, à cobardia, ao medo individual e às ameaças, depois de um chefe da polícia de Segurança do Estado ter andado pelos corredores desta Câmara, em conluios com determinadas e conhecidas entidades, procurando impor a coacção (Apoiados), foi-se até ao ponto de levar as insinuações até junto do homem a quem a maioria democrática pôs na suprema magistratura da Nação, e que, até ser substituído, tem de ser por todos nós considerado como o Chefe do Estado.

Organizou-se para isso uma manifestação e criou-se a frente única dos explorados ou, com mais propriedade, a frente única dos exploradores dos explorados (Muitos apoiados), frente constituída por aqueles que vivem da miséria dos outros, em lugar de praticarem actos que dignifiquem a República e ajudarem, pelo trabalho, a sair o País da lamentável situação em que êle se encontra.

Ruins portugueses são êsses; ruins portugueses os que procuram estabelecer a