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10 Diário da Câmara dos Deputados

luta de classes, explorando o espectáculo dos lares sem pão, para assim conseguirem viver como ricos à custa da miséria daqueles que estão realmente pobres.

E essa manifestação a que me refiro, Sr. Presidente e meus senhores, foi conduzida por homens do peliça; e houve uma mensagem, que então foi lida ao Sr. Presidente da República, e de que foram portadores os exploradores de explorados a que me referi há pouco.

O orador lê nesta altura, comentando-os, os primeiros períodos da aludida mensagem.

Continua a exploração, a miserável, imbecil e cobarde exploração que se esconde por detrás de alguns milhares de homens, para esbofetear a cara daqueles que são de facto os explorados na sua honra.

De que nasceu êste Govêrno?

Nasceu da afirmação do que era necessário continuar a obra do Govêrno anterior.

Mas porque se formou duma maneira tam insólita, tam pouco normal nos anais da nossa vida constitucional e parlamentar, o Govêrno do Sr. Vitorino Guimarães?

Porque quando a Câmara dos Deputados se opôs abertamente à continuação duma política que repugnava a Nação, duma política que apenas agradava aos homens da peliça?

Porque foi encarregado de formar gabinete o homem que até ao último momento amparou o Ministério que foi repelido pela Câmara, numa votação feita numa atmosfera de coacção única na história da República, votação que constituiu, incontestavelmente, uma grande afirmação de vitalidade e de honorabilidade?

Quisemos ser homens livres, quisemos votar em plena liberdade de consciência, como homens livres, através o terror e o mêdo.

E fomos, efectivamente, homens livres.

Voltando-se para a maioria.

Se alguém de entre os senhores está arrependido do seu voto, eu declaro que não estou arrependido do meu.

Apoiados.

Como corresponderam ao nosso gesto de dignidade?

Como corresponderam à nossa ansiedade, ao nosso desejo de nos libertarmos de um pesadelo?

Como corresponderam à nossa própria vitalidade e ao respeito que, até à última hora, quisemos garantir a nós próprios?

Como corresponderam à nossa atitude de principais sustentáculos da votação que derrotou o Govêrno?

Atirando-nos à cara com o principal sustentáculo dêsse mesmo Govêrno.

Eu sei que ao Sr. Presidente da República é lícito, pela Constituição, nomear e demitir livremente os seus Ministros; e que assim como nos fornece hoje o prato "Vitorino Guimarães", amanhã, sem ofensa, nos pode fornecer o prato "Carvalho da Silva".

Mas assim como a S. Exa. assiste êsse direito, a nós assiste o direito de repelirmos o Ministério que nos foi atirado à cara.

Digo isto não pelas qualidades pessoais dos homens que se sentam agora nas cadeiras do Poder, mas pelas circunstâncias políticas que determinaram o aparecimento no tablado político de indivíduos com quem não podemos ter camaradagem, visto que a sua situação presente não representa mais do que uma bofetada dada ao Parlamento.

Apoiados.

Qual foi o primeiro acto do Sr. Vitorino Guimarães, imposto por sugestão do Sr. Presidente da República ao seu partido?

Para marcar bem que a bofetada tinha sido dado com mão de mestre, para nos fazer, a todos nós homens da minoria e da maioria, irmanados no mesmo desejo de libertarmos o País da tortura em que êle vivia, sentir a sua discordância, o Sr. Vitorino Guimarães, leader infeliz que não conseguiu sustentar como bom Magriço a sua dama inglesa, pretendeu fazer engolir pelos seus correligionários que tinham votado contra o Govêrno, o homem que mais atrabiliàriamente se havia revelado no Govêrno, o Sr. Pestana Júnior.

E perdõe-nos o Sr. José Domingues dos Santos, se eu reponho a verdade das cousas.

Houve uma votação dentro dêste Parlamento.

Pode o seu significado ser porventura ignorado por quem dirige os destinos da Nação?

Juntaram-se homens e fizeram uma oposição tenaz ao Ministério; êsses homens já