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Sessão de 18 de Fevereiro de 1925 11

tinham, em parte, ajudado a derrubar alguns Ministérios saídos do mesmo artifício político, saídos do chamado bloco.

Tentou o Sr. Presidente da República verificar se da maioria, que triunfara contra o Govêrno, poderia sair um novo Ministério?

Procurou-nos a nós, porventura, ou tentou indagar se queríamos ir para uma concentração?

Não!

O Sr. Presidente da República fez-nos, pura e simplesmente, engolir o marmelo cru do Sr. Vitorino Guimarães.

Apoiados.

O que houve, acima de tudo, foi o desejo de dar uma bofetada no Partido Nacionalista.

Ah!

Que bem tem pago o Partido Nacionalista as listas brancas com que votou o nome do Sr. Teixeira Gomes!

A êsse pagamento apenas conseguiu eximir-se o Sr. Álvaro de Castro!

Ainda se fôssemos só nós a pagar o gesto que tivemos, bem estava, e eu por mim, pagá-lo-ia gostosamente.

O pior é que o pagam, connosco, a República e a Nação.

Sr. Presidente: a todas as pessoas assiste o direito de ter gostos caprichosos.

Recordo-me bem de certas páginas macabras de um livro que em tempos apareceu em Portugal, intitulado O Gôsto Azul, e em que o seu autor aludia a um homem já falecido, o Sr. Henrique de Vasconcelos, recordando certos passeios nocturnos com uma senhora sevilhana, procurando alguém que pudesse satisfazer os gostos complicados a essa dama.

Na política é lícito ter gostos, repito, tão, complicados como na literatura.

É lícito fazer fantasia, é lícito recordar as noitadas do Triana, o fumo dos cigarros e o perfume das cigarreiras.

Em política tudo é lícito.

Lícito é complicar um caminho e procurar emmaranhá-lo, como pretende um homem de gostos complicados, que, tendo viajado por todo o mundo, não sabe já como há-de satisfazer as torturas da sua imaginação.

Mas não é lícito exigir a homens de bem que se mantenham numa situação ridícula de comparsas.

O Partido Nacionalista, assim, não tem finalidade política!

É um partido de ordem e não sairá dela para uma revolução.

endo de manter-se dentro do critério estrito da legalidade, só lhe resta assistir, indiferente, ao desprezo a que o votam e assistir ao seu próprio achincalhamento.

Dentro dêsse partido, eu não sou nada: (não apoiados) mas militam nele alguns dos grandes precursores do regime, alguns dos que batalharam no 5 de Outubro e fizeram a República com a energia do seu braço e com o esfôrço do seu cérebro.

É lícito a êstes homens continuar por mais tempo ignorados e postos à margem como valores desprezíveis, como entidades que não contam?

Que figura fazem então êsses homens?

Que respeito têm êles pela própria República?

É lícito a êsses homens deixarem de gradar a própria idea da democracia, consubstanciada no seu sangue?

Ah! Não!

Não deixaremos morrer o partido perante os caprichos de ninguém, porque isso seria deixar morrer o próprio ideal republicano.

Não queremos ir para arruaças. Não. Porque acima de tudo somos um partido constitucional, e não um joguete nas mãos de quem queira tornar-nos como tal.

Para isso não. Não temos função parlamentar dentro da República: não podemos servir apenas para muleta de um partido, sempre desprestigiados e achincalhados. Não servimos para isso!

Apoiados.

Se o partido que está no Poder e que desde 1919 o domina, pretende fazer uma eleição que condene a República a viver mais alguns anos enfeudada aos seus próprios destinos, não o conseguirá sem o nosso protesto.

Respeitamos o Partido Democrático e neste momento, pela minha voz, proclamo aqui os altos serviços que êle tem prestado à República.

Não somos daqueles que negam aos outros uma finalidade política.

Não somos dos que dizem que os outros sistematicamente devem ser afastados do regime, porque o não sabem servir.