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Sessão de 2 de Março de 1925 29

O Sr. Nuno Simões (interrompendo). - V. Exa. dá-me licença?

O Sr. Carvalho da Silva sabe muito bem que muitas das pessoas que reclamam contra êsse desdobramento, nas sociedades que representam, fazem bastante pior do que isso.

O Orador: - Mas porque é que o Estado não há-de ter interêsses nos Bancos?

Desde que isso dá um juro suficiente, porque não?

Sr. Presidente: quando apresentar a proposta a que há pouco fiz referência, terei então ocasião de discutir mais detalhadamente a questão.

O Sr. Carvalho da Silva (interrompendo). - despeitando os contratos feitos?

O Orador: - Eu sou muito respeitador dos contratos; porém, eu devo dizer-lhe que, se amanhã a Câmara votar qualquer modificação ao Código Comercial, não há dúvida de que todas as entidades terão que se subordinar a ela.

Em ocasião mais oportuna, Sr. Presidente, teremos ocasião de discutir êsse assunto da "grande derrota", que - deixe-me V. Exa. dizer-lhe - não a senti, nem me incomodei com ela. Antes pelo contrário, fiquei satisfeito com o que se passou.

Tenho dito.

O orador não reviu.

Antes do se encerrar a sessão

O Sr. Morais Carvalho: - Sr. Presidente: pedi a palavra para chamar a atenção do Sr. Ministro da Agricultura para um assunto que está alarmando a opinião pública, e quanto a mim justificadamente, qual é o que diz respeito à questão do pão.

Há dias, Sr. Presidente, se não houve falta, pelo menos escasseou muito o pão em vários pontos da cidade.

Não se compreende, Sr. Presidente, que depois de tudo quanto se tem passado nos anos anteriores, acerca dêste assunto, os Governos não adoptem as providências necessárias para que não falte o trigo necessário para a sustentação das várias cidades. E não se compreende, Sr. Presidente que, o Govêrno num determinado

momento se encontre inteiramente desprovido de trigo, tendo de o comprar por preço naturalmente elevado a qualquer navio que por acaso entre no Tejo.

Sr. Presidente: gosto sempre de ser justo para com os meus adversários; e, assim, devo dizer na verdade que o actual titular da pasta da Agricultura, que ainda não há muito que se encontra no Poder, e cuja demora lá, dada a actual política do Parlamento, não deverá ser longa, não tem culpa dêste facto. Porém, espero que S. Exa. tome as providências que são necessárias para que factos desta natureza se não repitam, esperando mais que S. Exa., da sua bancada, pronuncie algumas palavras, no sentido de tranquilizar o País.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro da Agricultura (Amaral Reis): - Sr. Presidente: ouvi com a máxima atenção as considerações feitas pelo ilustre Deputado o Sr. Morais Carvalho e agradeço-lhe a justiça que me fez, não me tornando responsável, nem ao actual Govêrno, pelo facto que apontou.

Estou absolutamente de acordo, Sr. Presidente, em que é absolutamente necessário mudar de regime no que diz respeito ao abastecimento de pão, e à aquisição de trigo exótico.

Logo no dia em que tomei posse desta pasta procurei obviar aos inconvenientes que se têm dado até hoje.

Reúni a comissão abastecedora do comércio de cereais e preguntei-lhe se era da minha opinião, de que, de facto, era absolutamente necessária é urgente a aquisição de trigo, de forma a termos o País abastecido do trigo para o seu consumo. A comissão foi do mesmo parecer e abriu--se imediatamente o concurso para a aquisição de trigo exótico, concurso êsse que já se realizou.

A herança que recebi não foi boa, porquanto, tendo o meu antecessor fixado preços para o pão, tomando como base a 1$60 por quilograma, eu encontrei-me com o trigo que tinha sido comprado por êsse preço quási esgotado, e tinha apenas que contar com dois carregamentos comprados por preços mais elevados.

Por isso, procurei logo a aquisição de trigo exótico, para ver se o conseguia