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22 Diário da Câmara dos Deputados

País numa conferencia financeira, o Sr. Norton de Matos que ali tinha ido para arranjar o dinheiro indispensável para o desenvolvimento de Angola e para o qual, segundo muito bom disso o Sr. Mariano Martins, S. Exa. tinha organizado um plano grandioso.

Nós, porém, em Portugal é que não estamos habituados u planos grandiosos e daí o não se ter querido ver a obra do Sr. Norton de Matos, homem duma estrutura diferente da que é vulgar no nosso meio.

O Alto Comissário teve do servir-se de todos os elementos de dentro do país para fazer o que dum auxílio externo, em boas condições, não poderia obter.

Eu vejo, Sr. Presidente, pelo parecer da comissão de colónias, que não é fácil conseguir empréstimos de outra origem, nesta hora, que não sejam aqueles que provenham, do auxílio directo da metrópole.

Mas, Sr. Presidente, voltando a fazer um pouco de história, direi a V. Exa. que o Alto Comissário, na época de que falei, encontrou-se na situação do não poder realizar outro empréstimo que não fôsse dentro do País.

Dirigiu-se ao Banco Ultramarino, o Banco emissor das colónias, cujos administradores, não tenho ainda previsto a desvalorização que a moeda havia do sofrer no ano seguinte, não tendo, portanto a noção, com a necessária antecedência, daquilo que devia dar-se a bievo trecho, se lançaram no campo das facilidades e deram ao Sr. Norton do Matos a possibilidade de arranjar empréstimos dentro do País, no valor do 10.000 contos ouro.

Tantas foram essas facilidades, que até se ofereceram, Sr. Presidente, paru o fazer em escudos de Angola.

Aqui tem V. Exa. as razões por que o Alto Comissário foi obrigado a negociar com o Banco Ultramarino como último recurso.

A colónia quere progredir e juntar todos os elementos possíveis para isso; e vê-se, talvez, Sr. Presidente, forçada a meter-se a dentro dos meandros duma organização que não estará, porventura, nas condições de poder satisfazer as dificuldades do momento, por certos erros de vasão, não do Alto Comissário, mas de outras individualidades.

Sr. Presidente: se nós voltarmos a fazer um pouco de história sôbre a sério dos factos que procederam a situação crítica em que se encontra a província, V. Exa. verá que existem da parto do Banco ultramarino acusações ao Alto Comissário do então. Mas verá que essas acusações apareceram somente quando a Associação Comercial do Angola lhe enviou um protesto acusando o Banco Ultramarino de estar falseando a sua missão.

Publicou-se então um folheto, de cuja leitura só conclui em primeiro lugar que o Banco não estava em condições do fazer a Angola o empréstimo que fizera e, em segundo, que, feito êste empréstimo, e tendo sido concedido um alargamento da circulação fiduciária, êle, a breve trecho, só declarava impotente para realizar a sua missão de Banco emissor das colónias, indo até ao ponto de suspender por completo todas as suas transferencias. Foi nesta altura que a colónia de Angola entrou no período chamado de agonia a que se tem feito referência.

Sr. Presidente: em 1923 deu-se a inflação da moeda au galop, dentro do País, e a libra começou a subir de tal modo que ameaçava nunca mais parar. Felizmente, não se deu êsse facto, porque a acção dos Governos c do Parlamento, que vão tarde de mais, mas que ainda veio a tempo, conseguiu jugular essa crise bem grave para o País. Mas é certo é que em 1923 e 1924 a inflação da moeda nacional fez com que o Banco Ultramarino e todos os outros Bancos se lanças sem numa jogatina formidável: a caça à libra.

Qualquer desculpa lhes servia para restringirem os seus pagamentos, os seus créditos e os seus descontos em escudos, servindo-se do todos os meios para que em depósito houvesse bastantes escudos para comprar libras.

E isto porque êles sabiam que no ano seguinte receberiam avultada soma por elas, devido ao escudo se ir desvalorizando sucessivamente.

Assim se deu, Sr. Presidente, a crise da rarefacção do escudo na praça de Lisboa, a qual abrangeu não só os Bancos particulares, como os próprios Bancos emissores.

E as primeiras entidades que protestaram contra a falta de escudos foram jus-