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24 Diário da Câmara dos Deputados

Estranho que em Angola ainda só tenha feito sentir mais largamente a acção perigosa de determinados elementos, que é preciso afastar da colónia, porque representam um perigo na situação administrativa e política da província, o até na sua situação financeira.

Porque amanha podemo-nos ver obrigados a despesas muito grandes que nos ocasionem encargos tremendos, para reprimir qualquer movimento feito pelos exploradores do Angola, talvez (quem sabe?) alimentados por influencias estranhas, que se estão infiltrando na vida da província, apoderando-se de pontos estratégicos, concentrando-se a dentro do território o preparando algum golpe definitivo, que nos possa ser fatal.

Disse muito bem nesta Câmara o Sr. Aires de Ornelas: não Lá o perigo alemão em Angola, mas o perigo de que os alemães estejam em grande número em Angola, E, com efeito, Sr. Presidente, podemos dizer que não há o perigo de que a Alemanha vencida c exausta se vá apoderar da província; há, porém, Sr. Presidente, o perigo grande de que determinados vizinhos da colónia se aproveitem dessa infiltração estrangeira para provocar um movimento que a torne - não independente, que não está em condições do o ser - mas, pelo menos, qualquer cousa diversa daquilo a que todos nós aspiramos.

Apoiados.

Eu não quero, Sr. Presidente, referir-me mais largamente a esto aspecto do problema, porque infelizmente êle apresenta-se-nos por outros bastante graves também, quais sejam o financeiro, o da paralização das obras, o das transferências ainda não resolvido inteiramente, o político e internacional.

No campo político V. Exa. Sr. Presidente, bem como o Sr. Ministro das Colónias, devem já estar inteirados sobro o que se passa em Angola, e eu não desejo aqui proferir qualquer palavra que possa de forma alguma amanhã ocasionar o enfraquecimento da acção que o Sr. Ministro das Colónias ou o Alto Comissário tiverem de ter nessa nossa- possessão ultramarina.

O problema de Angola, sob o ponto de vista económico, deve ter uma finalidade própria e cuidadosamente estudada, devendo revestir um carácter acentuadamente nacional. E é nosso ponto, Sr. Presidente, que eu mais admiro o Sr. Norton de Matos. S. Exa., do facto, vincou bem em todos os seus empreendimentos, em todos os actos da sua vida de Alto Comissário, um espírito absolutamente nacional, profundo e, por vezes, grandioso.

Eu creio que nesta Câmara se proferiram já algumas palavras - o eu creio que foi até o Sr. Nuno Simões quem as disso - no sentido da necessidade urgente que há do tratar da elaboração dum plano, na matéria a que mo vinha referindo.

Ao assumir a regência da pasta das Colónias e cumprindo um dos pontos do vista do Ministério, de que me, como de ter feito parte, enviei para as Colónias diversas instruções telegráficas. Uma delas, referente a Osso plano, era concebida nos seguintes termos:

Leu.

V. Exa. Sr, Presidente, por esta minha leitura, como ou encarei o problema, procurando resolvê-lo.

Eu bem sei que toda a gente hoje fala no plano geral do administração.

E já António Enes, em 1882, se bem me recordo, no seu relatório, dizia que um País como o nosso, essencialmente colonial, ainda não tinha elaborado o seu plano geral de administração colonial.

Sobro êste termo, eu tenho ouvido bordarem-se as mais variadas considerações.

No Senado, ao apresentar-se o Ministério da Presidência do Sr. José Domingues dos Santos, várias pessoas falaram dêsse plano geral, dizendo que isso era uma sobreposição de planos superficiais. E, lá fora, em comícios e conferências tem-se afirmado que um só homem não podia organizar êsse plano, e, que só uma comissão é que o poderia elaborar.

Sr. Presidente: eu preciso do dizer a V. Exa. e a Câmara que, desde que Albert Sarrault publicou o seu livro, a nossa directriz colonial mudou em absoluto, integrando-se completamente nos processos indicados por Albert Sarrault, sem sequer ninguém se ter dado ao trabalho de ver se elos eram ou não mais atrasados do que os dos nossos coloniais.

Porém, vou dizer a V. Exa., de que consta êsse plano geral de administração colonial, o qual abrange não só a parte económica, como a parto política, finan-