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Sessão de 13 de Março de 1925 21

mesmo a integridade de interêsses nacionais.

E costume político, Sr. Presidente, quando se sai das cadeiras do Poder, vir para as bancadas desta Câmara fazer pagar caros os trucs de que se serviram os que os derrubaram.

Não há dúvida, Sr. Presidente, de que tem sido êste o sistema seguido, o, para mal da República e dos interêsses do País, muitas pessoas têm pôsto acima dos interêsses nacionais as suas vaidades feridas que são, incontestavelmente, pouco de considerar perante os importantes problemas que se apresentam nesta casa do Parlamento.

Ao discutir-se o problema de Angola, eu faço estas considerações para firmar bem no espírito da Câmara que as minhas palavras serão despidas do qualquer sentido do represália, e que não procurarei de forma alguma retorquir àqueles que, dentro desta Câmara, me atiraram com cascas de laranja, a torto e a direito, o que me fizeram aquele obstrucionismo a que tão acostumados estivemos durante o Gabinete do Sr. José Domingues dos Santos, a que muito me honro de ter pertencido.

Sr. Presidente: ao assumir, em má hora, a gerência da pasta das Colónias, um dos problemas mais graves que se me apresentaram foi, incontestavelmente, o de Angola.

Tive em poucos dias de proceder ao balanço da situação dessa colónia e de elaborar a proposta de financiamento que se encontra na Mesa.

Para elaborar essa proposta de financiamento eu tive de recorrer a diversas fontes, e com estranheza eu noto que o parecer da comissão afirma que só no secretário do Sr. Malheiro se encontram os dados precisos para detalhar a situação de Angola.

Não se deu a comissão do colónias ao fácil trabalho de lançar mão de outros documentos, pois, se assim tivesse feito, teria logo encontrado elaboradas as fontes do que me servi para a elaboração dessas contas.

Digo eu, Sr. Presidente, no meu relatório o seguinte:

Leu.

Nos termos do meu relatório, êsses documentos encontram-se no Ministério das

Colónias, e pouco será o trabalho para os ir ver, e examinar e conferir as verbas devidas, pois tive o cuidado de entregar ao meu antecessor um resumo das dívidas que só encontram no meu relatório sob a rubrica de dívida flutuante em escudos e de dívida flutuante em libras.

Para elaboração da minha proposta de financiamento eu entendi, como não podia deixar do entender, que um dos pontos principais seria a criação da caixa de conversão e a mobilização, ou antes a concentração de todos êsses valores do Estado, quer na Metrópole, quer nas colónias, e pondo à disposição do Govêrno grandes recursos facilitaria o financiamento do Angola, passando assim para a Metrópole todas as dívidas dessa colónia.

No emtanto, como não tinha sido aprovada a proposta da caixa de conversão que se encontrava na minha proposta de lei, referi-me unicamente à Caixa Geral de Depósitos, no convencimento em que estava, e ainda estou, de que essa entidade pode, de acordo com o Ministro das Finanças, proceder à mobilização dêsses valores, fornecendo à colónia aquilo que ela necessita para o seu financiamento; não um financiamento barato mas sim aquilo que ó absolutamente necessário.

Sr. Presidente: acima de pequenas divergências políticas, esta é uma das questões mais altas: a questão de sermos a terceira potência colonial do mundo.

Esta situação, extremamente honrosa, impõe-nos deveres, obriga-nos a determinadas atitudes o a muitos sacrifícios, e é sempre com horror e mágoa que ouço afirmar aqui, ou em qualquer parte, que nós não podemos dispor de recursos para auxiliar as nossas colónias. Essa afirmação, cujo eco lá fora nos tem colocado numa situação absolutamente secundária, permitindo que se avente na Sociedade das Nações a possibilidade de passar as nossas colónias para o regime do mandatos, essas palavras, repito, não devem sair dos lábios de portugueses, porque elas representam para nós um perigo de ordem internacional, além de afectarem o nosso crédito, que é absolutamente indispensável para darmos às colónias os recursos de que carecem.

Ouço dizer, Sr. Presidente, que não podemos dispor de recursos para acudir às