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18 Diário da Câmara dos Deputados

sibilidades; mas, infelizmente, vive ainda quási que apenas no campo das aspirações,

Oitenta por cento dos seus produtos agrícolas são cultivados exclusivamente pelos indígenas.

No que respeita a gado, especialmente gado bovino, a sua grande maioria, para não dizer quási todo, encontra-se nas mãos do indígena, que o permuta a custo com o europeu.

Ê no distrito de Benguela, ao longo da linha férrea, sobretudo em Quilengues, que só encontram as maiores manadas do bois; e êsse gado só por si chegaria para abastecer a metrópole se tivéssemos barcos apropriados ao seu transporte para aqui o maior cuidado no aperfeiçoamento das raças indígenas.

A exportação dêsse gado está limitada a S. Tomé e ao Congo belga.

Já se tentou trazer para Lisboa, mas aconteceu que, além do elevado preço do frete, foram tantas as dificuldades apresentadas pela nossa alfândega, que se desistiu de repetir a experiência, cm. vista dos prejuízos havidos.

O Sr. Brito Camacho: - V. Exa. sabe dizer-me qual ó, em média, o peso dêsses bois?

O Orador: - Deve orçar por 300 quilogramas o peso dos animais que se destinam à exportação.

O Sr. Brito Camacho: - Quero dizer, é gado quando se consome senão em África.

O Orador: - É difícil, realmente, arranjar, nas manadas pertencentes aos indígenas, bois de maior pêso o só o podem conseguir os grandes comerciantes, pelo cruzamento do sementais do várias raças; no emtanto, estou convencido de que já Lá muito gado aproveitável para exportar para a Europa.

Mas, Sr. Presidente, estava eu a referir-me à produção da colónia.

Pelos dados estatísticos que temos, a balança comercial de Angola está perfeitamente equilibrada, tendo ato um saldo a seu favor, isto até 1924, pelo menos.

A produção de Angola, se em relação à sua área ô pequeníssima, não deixa, contudo, de sor enorme relativamente ao esfôrço que isso representa era face do pequeno número dos seus colonos europeus e até ai população indígena.

A população indígena de Angola é, segundo uns, de 3 a 4 milhões, e segundo outros vai até 6 milhões.

Tiremos uma média, e supúnhamos que é do 4,5 milhões.

Excluindo crianças, velhos, carregadores, soldados, etc., poderão apurar-se para o trabalho 1 milhão, incluindo mulheres.

Por êste cálculo, que só poderá pecar por excesso, não teremos a percentagem de um indígena por hectare de terreno agricultarei, o portanto devemos convir em que a produção actual representa bastante esfôrço, atendendo sobretudo a que maquinaria agrícola por emquanto em pouco ajuda.

Be assim é, o permita-se-me o parêntesis, pregunto eu: como é que podemos proteador que a mão de obra para S. Tomo soja fornecida por Angola?

Ocorro-me fazer esta pregunta, não para que me respondam, mas para que cada um penso nela, pois teremos de qualquer dia fazer referencias ao assunto em virtude da interpelação do Sr. Brito Camacho.

Sr. Presidente: para documentar a afirmação que faço, de que a balança comercial do Angola está perfeitamente equilibrada, ou vou ler à Câmara os números que constam das estatísticas referindo-se ao período de 1920 até fins de 1923.

O Sr. Velhinho Correia: - Os valores da exportação indicados nas estatísticas são quási sempre inferiores aos da realidade.

O Orador: - Se êsses números são inferiores h realidade pelo que respeita à exportação, são também naturalmente inferiores à realidade no que se refere à importação, e portanto as proporções mantêm-se as mesmas.

Angola tinha, portanto, em 1923, um saldo positivo de 2:000 contos na sua balança comercial.

Qual é, pois, o motivo da crise que essa província atravessa?

Porque se desvalorizou por tal forma a moeda em Angola, tendo a província a sua balança comercial equilibrada?

Outras razões terá havido.