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Sessão de 13 de Março de 1925 7

Creio assim, Sr. Presidente, ter respondido o mais completamente possível às considerações feitas pelo Sr. Agatão Lança, e se S. Exa. assim o entender, e quiser, eu ponho ao seu dispor o meu gabinete para lhe mostrar todas essas informações que tenho.

Creio, repito, ter respondido cabalmente a S. Exa., e para terminar eu reitero a expressão do sentimento que tenho a seu respeito e que todos nós, não só aqui dentro, como lá fora, temos por S. Exa.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Agatão Lança: - Sr. Presidente: as últimas considerações feitas pelo Sr. Ministro do Interior fazem com que eu abrevie as que por minha parte tinha a lazer, pois, desde que S. Exa., amavelmente, o que era de esperar devido ao seu carácter, está disposto a pôr a minha disposição essas informações, eu tenho que abreviar e muito as considerações que tinha a fazer.

Ainda assim, Sr. Presidente, eu quero frisar um facto: é a declaração feita pelo Sr. Ministro do Interior relativamente à polícia de segurança do Estado.

Disse S. Exa. que a polícia de segurança do Estado não está organizada como devia estar, e desde que assim é, ela não pode nem deve merecer confiança do Govêrno.

Sr. Presidente: desde que o Sr. Ministro do Interior disse que a polícia de segurança do Estado não tinha indicado o meu nome, eu encontro-me na verdade à vontade para proceder às averiguações que desejo fazer, para encontrar a pessoa que me caluniou.

Devo no emtanto dizer a V. Exa. e à Câmara, que, segundo conversas que tive com alguns membros do Govêrno, ainda ontem nesta Câmara me ficou a impressão de que S. Exas. estavam em dúvida sôbre se eu tinha ou não ligações com êsse movimento.

Lembro-me agora, por exemplo, que saiu de Lisboa para o Algarve um ilustre oficial, o Sr. Filomeno da Câmara, e sei que dizem que eu tinha ligações com S. Exa.

Pois, Sr. Presidente, eu afirmo a V. Exa. que não vejo o Sr. Filomeno da Câmara desde o dia em que S. Exa. respondeu no Tribunal de Marinha há já cerca duas dez meses.

O Govêrno deve ter toda a cautela, empregar o máximo cuidado quando se trata de insinuações como estas, feitas a oficiais cujo passado os impõe ao respeito de todos.

Se hoje se levantam calúnias contra um, amanhã levantar-se-hão contra outro e outro. E eu não tenho dúvida, Sr. Presidente, em afirmar que o Sr. Ministro do Interior, pelo seu carácter, pela hombridade que sempre revela nos seus actos, pelas qualidades que o destinguem, o reconhecerá também.

Assim S. Exa. terá como certo que continuará a merecer a mesma admiração, a mesma admiração dêsses oficiais, que alguns mal intencionados os aviltam na sua honra, apontando-os como conspiradores, para os afectar no seio dos seus partidos, à face de todos os republicanos ou perante todos os homens de bem.

Mas, nós, Sr. Presidente, que não somos simplesmente Deputados, não podemos esquecer também que temos ocupações no exército e na armada e que, por isso temos uma farda, temos uns galões que muito nos custaram a conquistar e que ainda agora mantemos à custa de muito sacrifício e muito sangue, por vezes.

E, se não como políticos nos dão essa satisfação que nos devem, que não dêm como oficiais, quando, porventura, reconheçam que nós somos briosos e queremos acima de tudo o bem da nossa Pátria.

Apoiados.

Nós, os que não são aventureiros políticos mas que querem efectivamente servir o seu país, os que não cobiçam lugares nem ascender às altas situações do mando, estamos dispostos, na nossa qualidade de cidadãos e de militares, a exigir responsabilidades a quem tam fàcilmente nos abocanha e nos atira para uma situação que não só nos afecta materialmente mas que nos pode lesar, sob o ponto de vista moral, à face dos nossos camaradas e até dos nossos subordinados, que amanhã teremos de comandar.

Conhecemos o fim de todas estas manobras: diminuir-nos no nosso prestígio, desacreditar-nos no nosso nome e levar, porventura, êsses humildes servidores do Estado a qualquer movimento de revolta contra nós.