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Sessão de 13 de Março de 1925 9

contra na situação que o Sr. Ministro expôs, quando disse também que conhecia as tremendas responsabilidades que sôbre êle impendem.

Ao falar do assunto, S. Exa. acrescentou que o problema estava cercado de perigos de toda a ordem.

Não seremos nós, Sr. Presidente, quem por qualquer modo iremos avolumar êsses perigos, e antes faremos tudo quanto nos fôr possível para minorar a angústia de Angola.

É sem dúvida necessário acudir à situação de Angola, mas não podemos deixar de lamentar que, tendo a Câmara aprovado há meses uma moção que reconhecia a urgente necessidade de apurar todas as responsabilidades da administração nessa nossa província, ainda até hoje nenhumas estejam apuradas.

Eu queria que o Sr. Ministro das Colónias fizesse o favor de informar a Câmara sôbre qual é o estado em que estão as investigações nesse sentido; a sindicância, emfim.

Não posso também deixar de lavrar o meu protesto contra o facto de se continuar a manter como embaixador em Londres, uma vez que houve a tristíssima idea de para tal cargo o escolher, um homem sujeito a um inquérito votado pela Câmara dos Deputados!

Esta circunstância demonstra quanta falta de cuidado há na escolha das pessoas que vão ocupar os altos cargos diplomáticos, e nenhum mais alto há na nossa organização diplomática do que aquele que o Sr. Norton de Matos está desempenhando. Rodeá-los de todo o prestígio indispensável deve ser o cuidado constante dos Governos.

Mas, infelizmente, vemos que isso foi esquecido, e o Sr. Norton de Matos continua na sua posição de embaixador numa capital onde a própria imprensa lhe tem feito referências bem pouco agradáveis e bem pouco consentâneas com o prestígio que S. Exa. necessitava manter.

Não venho eu agora fazer acusações que não sejam aquelas que as circunstâncias e o relatório da proposta que discutimos comprovam em absoluto.

O Sr. Norton de Matos está sujeito a um inquérito, e como temos sempre certos escrúpulos de nos referirmos a factos que estão por averiguar, nada mais acrescentarei, lamentando, no emtanto, que S. Exa. não esteja aqui para se defender, como era do seu dever, uma vez que tem assento nesta casa do Parlamento.

Pelo contrário, S. Exa., tendo vindo a Lisboa há poucos meses ainda, dispensou-se de comparecer no Parlamento, onde lhe tinham sido feitas graves acusações a justificar os seus actos.

E mercê, Sr. Presidente, da falta de cuidado do Govêrno que então se sentava nas cadeiras do Poder, o Sr. Norton de Matos voltou para Londres, para onde não devia ter voltado, e para onde S. Exa. não devia ter querido voltar emquanto não estivessem apuradas as suas responsabilidades.

Sinto não ver presente o Sr. Rodrigues Gaspar. S. Exa., por coincidência casual certamente, tem sempre qualquer doença ou qualquer circunstância que o impedem de comparecer nesta Câmara quando se discute a questão de Angola, ou quando se trata de qualquer assunto em que estejam em jôgo as suas responsabilidades como Ministro, que das Colónias foi, durante dois anos.

Mas, Sr. Presidente, desta vez talvez não seja por doença, porquanto eu não conheço confissão mais completa de que são tremendas as responsabilidades do Sr. Rodrigues Gaspar, de que o facto de parecer da comissão de colónias, que êle assinou sem restricções, ser a maior das acusações à sua obra.

O Sr. Mariano Martins (interrompendo}:- Eu não fiz êsse parecer para ser contra o Sr. Rodrigues Gaspar.

O Orador: - Eu vou ler à Câmara.

É a própria comissão de colónias que diz que é pavorosa a crise em que a província de Angola se debate.

Diz a comissão que foi em 1924 que começou a ser conhecida na Metrópole a situação pavorosa da província de Angola.

Então, que Ministro foi o Sr. Rodrigues Gaspar, que só em princípios de 1924 soube e veio dizer á Câmara a situação da crise em que se encontrava a província de Angola?

Não conheço, repito, confissão mais tremenda das responsabilidades que o Sr. Rodrigues Gaspar tem nesta questão de que as palavras que acabei de ler, num