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Sessão de 6 de Abril de 1925 27

mundo inteiro e contra os princípios fundamentais do próprio regime político em que estamos.

Depois, Sr. Presidente, existem hoje preceitos de organização de trabalho a que já no outro dia aludi e a que tenho de aludir neste momento.

A execução técnica das operações industriais foi motivo de uma série de 30 anos de estudos, em virtude dos quais foram adoptados tipos do execução que já não são doutrinas, porque têm anos e anos de prática; são verdadeiras realizações.

Já outro dia me referi ao sistema de Taylor, e nessa altura fui interrompido pelo Sr. Tôrres Garcia.

Eu tive necessidade de me meter um pouco no assunto para provar que entre o Tayolismo, que é a aplicação do princípio da divisão do trabalho à direcção administrativa, e o Taylorismo, que é a aplicação do mesmo princípio à direcção técnica, havia uma grande diferença.

Fizeram-me também outro dia duas objecções, que eu acho muito curiosas, principalmente a primeira: que o operário português não tinha a cultura necessária para aplicar o sistema Taylor, que o operário português não podia adaptar-se ao Taylorismo porque a sua psicologia é rebelde a êsses processos de organização do trabalho.

A experiência mostra que a mão de obra português a se adapta a essa educação e especialização para realizar as funções industriais que são necessárias.

Efectivamente, disse-o outro dia, e V. Exas. podem-no ver em todos os livros, que o Taylorismo partia do princípio que era uma convicção arraigada de que o operário por si não era capaz de encontrar as atitudes mais económicas na função do trabalho, e que é preciso dotar a organização industrial com um corpo de inventores dos processos de trabalhar e com um corpo de educadores que garantam a prática dessa técnica.

Ora, Sr. Presidente, estamos exactamente perante o sistema de organização do trabalho, que não precisa que o trabalhador seja uma alta mentalidade, que tenha uma elevada cultura, porque há um organismo permanentemente encarregado de o ajudar, de o encaminhar e realizar o pensamento que êle tiver.

E esta uma das razões por que o sistema de Taylor foi combatido em quási toda a parte do mundo.

Vê V.. Exa., Sr. Presidente, que se realizarmos o sistema da democracia industrial, impondo a adopção aos organismos em que o Estado tiver a acção do sistema de organização scientífica do trabalho, melhorado pelas correcções que lhe foram introduzindo, tanto na América, como em outras partes do mundo, nós temos assegurado um sistema de funcionamento de explorações, a que podemos chamar régie.

Fala-se para depor contra a régie nos Transportes Marítimos do Estado.

Sr. Presidente: está presente nesta casa do Parlamento o Sr. Portugal Durão, que dirigiu os Transportes Marítimos na sua primeira fase.

E durante a gerência de S. Exas. os Transportes Marítimos deram lucros.

Argumenta-se que essa exploração teve depois consequências funestas porque foi realizada nesse período anormal do preço do frete.

E uma maneira de argumentar.

Mas o que é verdade é que durante a sua gerência essa experiência foi eficaz, deu rendimentos.

E foi depois, quando vieram os moralizadores seguidos pelos correligionários do Sr. Carvalho da Silva, que hoje anda sempre a gritar contra os Transportes Marítimos do Estado, quando vieram os sidonistas, seguidos no alto da Rotunda pelos correligionários do Sr. Carvalho da Silva, que os Transportes Marítimos começaram a dar prejuízo.

E não vimos, Sr. Presidente, que o Sr. Carvalho da Silva, que aqui teve assento durante o Parlamento sidonista, e que pela boca do Sr. Aires de Ornelas disse que vinha para uma atitude patriótica de colaboração, aqui tivesse protestado contra o afastamento do Sr. Portugal Durão.

O Sr. Carvalho da Silva (interrompendo): - Já o Sr. Sá Cardoso aqui declarou que, quando foi Govêrno, ainda não tinha essas irregularidades.

Já V. Exa. vê portanto...

O Orador: - Eu não censurei V. Exa. por não ter protestado contra essas irregularidades.