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22 Diário da Câmara dos Deputados

todas elas pretendem estabelecer um regime de proteccionismo, isto é, um regime de monopólio do lacto, regime êste que só se pode levar a efeito com o emprego do grandes capitais.

A meu ver, Sr. Presidente, os organismos industriais tom um fundo educativo que seria necessário aproveitar na indústria dos fósforos; porém isso só se poderia obter só a Câmara aprovasse a proposta que tive a honra de mandar para a Mesa.

Tal não se fará, estou corto, e assim digo e repito que estamos logicamente em face de um verdadeiro monopólio.

Eu bem sei que as condições financeiras do Estado fazem com que o Govêrno se não possa desinteressar do rendimento das receitas com que essa indústria possa contribuir; porém o meu desejo seria que se adoptasse o verdadeiro princípio organizando a ligação do capital e do trabalho, estabelecendo uma política scientífico-democrática, como se faz lá fora, princípio êste em que se baseou o regime republicano, em que se baseia a República Portuguesa.

Já quando se discutiu a generalidade, eu disse que as explorações industriais tem também uma função educativa.

Se fôsse adoptada a forma que expus aqui, todas as considerações que o Sr. Carvalho da Silva fez há pouco, e com certo fundo de justiça, assim o reconheço, pois nunca me deixei cegar perante a verdade por quaisquer facciosísmos, cairiam pela base.

Entendo que as questões dos fósforos e dos tabacos, postas hoje diante do Govêrno republicano, são da maior importância.

Essas duas indústrias são daquelas que sendo exploradas em regime de exclusivo, são de êxito económico assegurado, e por consequência permitem uma imediata adopção das regras da democracia industrial, sem suscitar nenhuma espécie de riscos.

Já no outro dia me referi ao sistema da utilização profissional americana, e disseram-me que êsse sistema era bom para a América, mas não para Portugal, que tem uma população agrária inculta.

Isto mostra um desconhecimento completo da cultura da mão de obra americana.

No ano de 1914...

O Sr. Presidente (interrompendo): - V. Exa. deseja concluir o seu discurso ou ficar com a palavra reservada para a sessão nocturna?

O Orador: - V. Exa. determinará o que fôr melhor paro a ordem dos trabalhos.

O Sr. Presidente: - Então liça com a palavra reservada?

O Orador: - Sim, senhor.

O Sr. Presidente: - A sessão reabrirá às 21 horas e 30 minutos.

Está suspensa a sessão.

Eram 19 horas e 3ó minutos.

O Sr. Presidente (às 22 horas e ã minutos): - Está reaberta a sessão.

O Sr. João Camoesas: - Sr. Presidente: há pouco para combater o argumento de que as experiências de democracia industrial não eram adaptáveis no nosso país e só tinham sido possíveis na América do Norte, que conta com uma população em condições de cultura superiores aos trabalhadores portugueses, dizia eu que uma das maiores experiências que no mundo inteiro se tinha feito era a de Kockefoller, no Colorado.

Efectivamente essa exploração era constituída nos termos que vou ler.

O estado do espírito desta população operária o das respectivas direcções nas vésperas do se pôr em prática esta experiência era o seguinte: em 1914 rebentou uma greve. Os operários fizeram explodir uma mina, morrendo dentro dela os engenheiros e os operários que não tinham aderido à greve. A polícia da região ceifou a tiros de metralhadora os mineiros, encontrando mais tardo mortos sob as tendas mulheres e crianças.

Êstes factos impressionaram tam profundamente o Parlamento americano que êste nomeou uma comissão para investigar das causas dêsses homicídios.

Rockefeller fez investigar scientificamente por um notável canadiano, especialista em estudos sociologistas, as causas do conflito.

Rockefeller fez essa investigação e propôs a adopção do constitucionalismo industrial, dando representação aos opera-