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20 Diário da Câmara dos Deputados

O Orador: - Está V. Exa. enganado, V. Exa. está, estabelecendo uma confusão. Eu estou a referir-me a 1895, e V. Exa. está tomando como ponto de referência o ano de 1907.

De resto, o Sr. Tôrres Garcia, no seu relatório, diz que foi uma especulação política.

Querem dizer a palavra "monopólio", mas não lhos chega a coragem para a proferir.

Porque falam aqui em liberdade, quando deviam dizer; "não quero outra cousa senão o monopólio"?

Apoiados.

O Sr. Velhinho Correia (interrompendo): - V. Exa. sabe que urna sociedade em comandita não pode exercer a industria bancária.

Só uma sociedade anónima o pode fazer.

Contado não deixa de haver liberdade na indústria bancária.

O Sr. Morais Carvalho (interrompendo): - A indústria bancária não é uma indústria livre, e agora muito menos, depois da lei ditatorial...

O Orador: - Estão arranjadas as indústrias se o Estado lhes fixar as directivas. Será o mesmo que dar-lhes a directiva na falência, como o próprio Estado.

Apoiados.

Mas de resto estou ansioso por ouvir a opinião de V. Exa., Sr. José Domingues dos Santos, que tem andado pelos comícios a dizer, como o disse naquelas cadeiras, que quere defender o consumidor, porque é contra as explorações que lhe são feitas.

O Sr. José Domingues dos Santos (àparte): - Nessa exploração é que eu não vou.

O Orador: - Quem vai na exploração são os explorados em que V. Exa. fala.

O Sr. José Domingues dos Santos: - Estou mais uma vez ao lado dos explorados contra a exploração que V. Exa. pretende fazer.

O Orador: - O que estou fazendo é a apreciação à atitude de V. Exa., que, demais a mais, só o projecto em discussão sôbre os fósforos fôr aprovado, terá de andar às escuras pelas ruas de Lisboa, o que é perigoso pelo que possa acontecer nessas condições.

Mas isto é espantoso!

Pretende-se também por esta base, e é esta a republicanização das indústrias apregoada, que esta indústria dos fósforos tenha representantes do Estado; e isto é o mesmo que dizer que muito bons republicanos, políticos republicanos muito bons, vão ocupar lugares na administração dessas fábricas.

Talvez isso tenha uma vantagem, e sabe V. Exa. qual é?

É que quando se voltar a falar em fósforos não haja esta espantosa o incrível falta de cuidado com que se está discutindo êste assunto.

O Sr. Velhinho Correia (interrompendo): - Mas na Monarquia o Estado não tinha comparticipação em nenhuma empresa?

É novo isto?

O Orador: - Quando concede um monopólio pode o Estado ter comparticipação, ser interessado nos lucros duma sociedade.

Mus uma exploração livro; uma exploração que se diz livre, querer o Estado arrogar-se o direito de exigir a comparticipação, uma percentagem, é inaceitável.

Isto, Sr. Presidente, é a negação da própria liberdade.

Um àparte do Sr. José Domingues dou Santos.

O Orador: - Sr. Presidente: eu compreendo que alguém, tendo ao menos a coragem das suas opiniões, venha para aqui dizer como o Sr. Portugal Durão:

"Não me assusta o monopólio, nem a régie.

Nada disso me causa receio. Nós, os republicanos, nunca fomos contra os monopólios; o que fomos foi contra a maneira de os fazer".

E, assim, já chegámos a mais esta conclusão: os republicanos não são contra os monopólios.