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Sessão de 14 de Abril de 1925 7

Isto sabe-o toda a gente, dentro e fora do exército, ao mesmo tempo que também sabe que êle para nada serve.

Eu já fiz serviço durante quarenta dias nos torpedos fixos, como chefe do depósito do material, e posso afirmar a S. Exa. que não há lá nada, absolutamente nada que represente um serviço de defesa.

Só lá há sucata e ferrugem.

No emtanto, mantém-se aquela organização que, mesmo que se pudesse manter, para nada serviria. E ai daqueles que pretenderem afirmar aquilo que eu acabo de expor, porque lhe dirão logo que não percebem nada do assunto, embora as pessoas que dele pretendam tratar estejam em condições de, em qualquer campo, sustentar uma discussão sôbre o caso.

O serviço dos torpedos fixos é uma inutilidade dentro do exército, e, no emtanto, custa algumas centenas de contos ao Estado.

Êste serviço em toda a parte do mundo encontra-se entregue à marinha de guerra.

Apoiados.

Nós temos na barra de Lisboa um serviço militar pomposamente organizado e que não serve para cousa nenhuma.

Aí tinha, pois, S. Exa., o Sr. Ministro da Guerra, uma maneira de aliviar os serviços de engenharia e, remediar, até certo ponto, a falta de oficiais que lá há.

Mas, postas de parte estas armas, que realmente têm falta de oficiais, para o qual há remédios de muita natureza, sem serem aqueles de que consta a proposta que está sôbre a Mesa, vamos a ver o que sucede nas outras armas e servidos.

É sabido de todos que o excesso de oficiais em todas as restantes armas é enorme, e que tem grandes inconvenientes.

Há êste facto tremendo, Sr. Presidente, de se colocar o exército português, em face da Nação, numa situação difícil.

E que tendo nós de dar comissões de serviço a toda a gente que tem galões nos braços, vamos pejando os quartéis com mais oficiais. E a essa oficialidade faltam os elementos materiais para estudos, para treinos e para exercícios, porque não há material, nem sequer soldados.

Há regimentos no País em que, depois de terminada a instrução dos recrutas, não se consegue apurar o número de homens suficiente para organizar o quadro permanente.

De maneira que a maioria dêsses oficiais, não havendo nada que solicite a sua atenção e explicações, entram no caminho do abandono das suas funções.

O serviço dá-lhes apenas um dia por mês, e é quando dá; o quartel é longe, não têm que fazer, não vão lá.

Recomenda o Regulamento Geral que ao toque do render da guarda estejam no quartel os seus oficiais, mas êles, como não têm lá que fazer, não aparecem ali.

De maneira que estamos a criar a êsses homens uma situação que não merecem, e as minhas palavras ,agora, como sempre, são ditadas no sentido de protestar contra tudo aquilo que represente inferiorização, deminuição do prestígio do exército, que hoje, mais do que nunca, precisa de ser intangível.

Apoiados.

Precisa de ser indiscutível e dogmático.

De maneira que a minha atitude perante esta questão tem de ser em concordância com as minhas afirmações. Tudo que tenda a um agravamento do mal, que é entre todos o maior, tem de contar com a minha atitude; farei tudo quanto em mim caiba para que se não dê nada que represente reincidência.

Peio respeito que por êle tenho, e um pouco por propensão natural, pelo exército do meu país. pugnarei para o ver rodeado de prestígio. Afirmo que a situação que lhe criámos o compromete e o pode perder no conceito da Nação. Essa situação, sendo má intrinsecamente quanto à eficiência material do exército, destrói por completo os princípios com que a Re pública pretendeu organizar e orientar o exército, tornando-o democrático, tornando-o nacional, não casta, mas nação, em que os cidadãos, do um momento para o outro, comecem a ver que os seus princípios estão destruídos pelos factos.

Evidentemente que o cidadão a quem dirige as suas más apreciações é aos homens que constituem a organização militar. E não há ninguém que possa admitir hoje, sequer, a possibilidade que tal facto venha a dar-se.

Os escritores militares que mais pro-