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Sessão de 2 de Junho de 1925 7

de 3 a 4 meses, teve a infelicidade de conhecer 3 Ministros na pasta das Colónias.

Mal desembarcara, vindo com a intenção de tratar de problemas de natureza administrativa e colonial, foi chamado pelo então Ministro dos Negócios Estrangeiros, o Sr. Vitorino Godinho, que lhe impôs - e lamento que S. Exa. não esteja presente para comprovar ou não isto - ir para a Conferência do Ópio, a fim de defender ali os interêsses da colónia de que então ara governador. E impôs-lho, porque tinha sido êle quem em Maio de 1924 tinha mandado para o Ministério das Colónias a informação de que êsse assunto ia ser de uma alta gravidade para o prestígio nacional, e tanto, que os Governos do Oriente estavam mandando os seus homens mais competentes para essa Conferência. Mesmo informando assim o Govêrno da Metrópole, eu recebi como resposta que não era necessário mandar lá ninguém.

E que o nosso costume, Sr. Presidente, é mandar, à última hora, instruções telegráficas ao nosso Ministro em Berne, para nos representar perante a Sociedade das Nações, nos mais diversos assuntos. Tal é a importância que nós ligamos a assuntos acerca dos quais a nossa incompetência é, infelizmente, assinalada lá fora perante essa assemblea, de que fazem parte todas as nações do mundo.

Não podia, portanto, recusar-me a seguir, apesar de procurar, por todas as formas, não ir a Genebra senão como delegado técnico.

Foi, pois, por êste motivo que estive ausente da Metrópole durante 4 meses.

Aqui chegado, encontrei como Ministro das* Colónias o actual titular dessa pasta.

Disse a S. Exa. que vinha à Metrópole para tratar de um problema que considerava da maior gravidade para a nossa nacionalidade, e que mais o tinha podido apreciar, em face das acusações que lá fora nos tinham sido dirigidas; que para êste fim trataria dos casos concretos com S. Exa., e que, ao mesmo tempo, procuraria saber, junto do diretório do Partido a que pertencia, se lhe mereceria ou não confiança para continuar no meu lugar; que por outro lado aproveitaria a ocasião para, a pretexto de uma interpelação a S. Exa. expor o problema

perante a Câmara do Deputados, porque seria esta a forma de se poder marcar uma norma na política colonial portuguesa no Extremo Oriente, visto que os Ministros e os Governadores passam pelos seus lugares com uma grande velocidade, não devendo nós consentir que, por tal maneira, estejam ligados os interêsses nacionais a individualidades que, umas vezes devidamente e outras indevidamente, passam por aquelas cadeiras.

É necessário que de um problema dêstes o Parlamento se aposse e marque a direcção que se deve seguir, e que depois, Ministros, Governadores e funcionários se integrem nessa directriz.

Tal foi o que me determinou a realizar a minha interpelação, e esta não tinha nenhum objectivo pessoal, porque até êste momento o único acto que pratiquei como governador, e S. Exa. como Ministro, foi o de nos termos encontrado quando lhe entreguei o relatório da Conferência do Ópio, e outra vez quando o Sr. Ministro me mandou chamar para me dizer que me devia considerar demitido porque não concordara com diversos pontos de vista meus, dando-me a escolher enforcar-me por mim próprio, ou entregar o porto de Macau a uma companhia presidida por um estrangeiro. Era apenas esta a única alternativa que me era concedida.

Procurei por todas as formas tratar assuntos com S. Exa., mas, como estava sempre muito preocupado, nunca me pôde rereber, e quando eu insisti com S. Exa. para que me dêsse uma resposta concreta, S. Exa. pediu-me que escrevesse os pontos que desejava tratar, e, nesse sentido, entreguei uma nota e continuei esperando, até que surgiu uma campanha contra êsse governador demitido. Essa campanha tinha dois aspectos, um espalhando nas gazetas sem nome as maiores ofensas para a dignidade pessoal do governador, e o outro era feito com mais tato e inteligência, com conhecimento de factos que se diziam fechados a sete chaves no Ministério das Colónias.

Essa campanha começou na Gazeta das Colónias, dizendo que existiam documentos de alta importância para o brio nacional, pelos quais se provava que o governador Rodrigo Rodrigues queria entregar a administração do porto de Ma-