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12 Diário da Câmara dos Deputados

se foi por motivo do ordem social o tranquilidade pública que os publicou. Esqueceu-se do nos dar as razões explicativas dêsse procedimento.

Fez a sua costumada fala sem dar a razão justificativa dêsses decretos,

Que razões apresentou? Nenhumas.

Mais uma vez ocultou os seus pensamentos; o a gente tem do respeitá-los, porque estamos acostumados da parte do S, Exa. a essas justificações. Temos então do procurar por qualquer forma adivinhar os pensamentos do Sr. Vitoria-o Guimarães.

O Sr. Vitorino Guimarães teve há dias uma escapadela, permita-se-me o têrmo. Entrevistado por um jornalista, disse ao Diário de Lisboa muito mais do que nos veio dizer aqui.

Podemos considerá-lo como o prefácio da abertura do Parlamento, em que u gente descortina um pouco mais do sou pensamento.

Porque é que S. Exa. normalmente não diz nada, e foi confessar-se ao jornalista? Porquê?

Evidentemente, porque todos nós temos uma fraqueza, o S. Exa. teve a fraqueza do dizer cousas que toda a gente entende, nessa intervista de que vou ler à Câmara alguns trechos, que revelam o pensamento profundo e sempre profundo do Sr. Vitorino Guimarães.

Leu.

Esta é a pregunta do jornalista a que S. Exa. respondeu:

Leu.

Isto é, o Sr. Presidente do Ministério está absolutamente descansado quanto à sua sorte, o eu estou também igualmente descansado quanto à sorte que espera o Sr. Presidente do Ministério.

O Sr. Presidente do Ministério, fica-o sabendo toda a gente, é impossível ter ideas ministeriais, matematicamente impossível é que S. Exa. abandone aquelas cadeiras.

Em primeiro lugar, pelo muito que lho querem os seus colegas; em segundo lugar, porque pode ser difícil a solução que tem de ser combinada doutro do bloco parlamentar.

Já tivemos o Sr. Álvaro de Castro, o Sr. José Domingues dos Santos e o Sr. Vitorino Guimarães. Tivemos também o Sr. Rodrigues Gaspar.

Mas onde é que o Partido Democrático há-de ir buscar mais alguém para chefe do Govêrno?

Onde há-de ir buscá-lo?

Tem de ir fora procurar a presidência do Ministério?

Parece-mo que não.

Podo o Govêrno cometer monstruosidades, pode praticar atropelos contra a liberdade para satisfazer alguns influentes, cometer ataques ao bom senso, pode usar do seu poder ditatorial para procurar ferir a dignidade da Nação.

Que importam os atropelos contra uma Nação ferida e depauperada?

Que importa Portugal, que é tam pouca cousa perante o Sr. Vitorino Guimarães?

Onde está o seu sucessor?

O gato escondido com o rabo do fora que lhe há-de suceder?

Portanto, com esta sua primeira afirmação clara e concreta, estamos todos de acordo, absolutamente de acordo.

Pode S. Exa. 5 esfregar as mãos de contentamento que lhe domino a alma.

Pode S. Exa. esfregar as mãos de contentamento por ter conseguido arrancar a um Parlamento incompetente, o celebro empréstimo rádco, aquele empréstimo que o seu aliado Álvaro da Castro esfrangalhou, reduziu a nada, o que o Sr. Vitorino Guimarães defendeu, pela mesma razão por que agora está condenado a estar naquelas cadeiras por não ter sucessor.

O Sr. Vitorino Guimarães tem também a minha opinião relativamente a ter que ficar amarrada do às cadeiras do Poder; mas não ô peias mesmas razões em que eu filio essa sua situação.

A tremenda cousa que confrange mais do que os erros do Sr. Vitorino Guimarães, é o contentamento que êste ilustre estadista tem de si próprio.

Lembramo-nos de que na discussão da medida financeira proposta em tempo pelo Sr. Vitorino Guimarães na sua qualidade do Ministro das Finanças, que ficou conhecida pelo nome de "empréstimo rácico", dissemos a S. Exa., daqui dêste mesmo lugar, que não queríamos nenhuma das glórias dêsse empréstimo, e que sôbre Cio recairiam todas as responsabilidades de tal medida arrancada a uma maioria cega, que redundaria em desprestígio da Nação.

Era um êrro palmar e os homens pú-