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8 Diário da Câmara dos Deputados

cau a uma companhia internacional presidida por um estrangeiro.

O reflexo desta acusação, apesar dos documentos estarem bem escondidos no Ministério das Colónias, apareceu no Diário de Noticias, pedindo para que a soberania nacional não se perdesse, e dizia-se que tinha surgido uma grave incompatibilidade entre o governador e o Br. Ministro das Colónias.

Ora eu, que sou muito íntimo do governador, não conheço que entre êle e o Ministro existisse qualquer incompatibilidade.

Êsse governador continuou à porta do Ministro, como servo de gleba, esperando que essa porta se abrisse o se lhe lançasse em rosto a tremenda acusação.

Só pelos jornais tive conhecimento de que essa incompatibilidade estava sendo discutida no Directório do partido a que pertenço,

Continuando, no dia 29 do mós passado recebi um bilhete do chefe do gabinete do Sr. Ministro das Colónias, convidando-me a comparecer no Ministério às 21 horas. Chegou, emfim, o desejado momento em que eu ia tratar com S. Exa. alguma cousa digna da colónia do Macau.

A parte principal a que S. Exa. desejava referir-se era acerca do porto de Macau.

Aí a discordância era completo. E S. Exa. o Sr. Ministro já à á muito tempo - vejam V. Exas. como aqui começa a megalomania - tinha manifestado o seu desacordo escrevendo nos jornais. Isto foi há cêrca de ano o meio, e ainda S, Exa. não tinha o encargo do ocupar aquelas cadeiras, e era, portanto, um cidadão como qualquer de nós, ocupando o lugar que naturalmente lhe pertence na função oficial que exerce. Nada mais.

Mas, como eu dizia, nessas negociações que se tratavam relativas ao porto S. Exa. estava em desacordo. E um caso havia de extrema gravidade: era as negociações, o que o governador tinha entabulado com o governo duma colónia. Lá estava a repetição do que eu tinha sabido por intermédio dos jornais. S. Exa. estava em desacordo absoluto com elas, o achava-as tam graves que, declarou-o, tinha tido necessidade de fazer um desmentido por intermédio da legação portuguesa em Londres.

Essas negociações estavam agravadas ainda com uma frase do relatório que o governador Rodrigo Rodrigues, quando delegado do Govêrno Português na Conferência do Ópio, tinha escrito, em que dizia que estava certo de que o Govêrno Português não tomaria qualquer resolução acerca da administração futura do porto de Macau sem ter explicações necessárias cora a sua aliada e vizinha nessas paragens.

Em face disto S. Exa. disse que, não podendo eu continuar a merecer-lhe a confiança, tinha do optar ou por pedir a minha demissão ou pela minha saída, pelo motivo do falta do confiança e conveniência de serviço...

O Sr. Presidente: - Sr. Rodrigo Rodrigues é a hora de se passar à ordem do dia. Reservo a palavra a V. Exa.

O Orador: - Para quando V. Exa. entender.

O orador não reviu.

Foi aprovada a acta sem discussão.

ORDEM DO DIA

O Sr. Presidente: - Tendo a Mesa tido conhecimento do falecimento do pai do Sr. Ministro da Justiça e duma irmã do Sr. Tavares de Carvalho, proponho que seja lançado na acta um voto de sentimento.

Foi aprovado.

O Sr. Presidente:-Na sessão de ontem fez-se a votação do artigo 1.° da proposta enviada para a Mesa pelo Sr. Presidente do Ministério, concedendo uma pensão de 300$ mensais à viúva do João Chagas. Foi aprovado. Requerida a contraprova, verificou se não haver número. Vai proceder-se, pois, à contraprova.

Procedeu-se à contraprova.

O Sr. Presidente: - Estão levantados 2 Srs. Deputados; sentados, 76.

Está aprovada.

Vai ler-se o artigo adicional mandado para a Mesa pelo Sr. Ginestal Machado.

Lido na Mesa foi admitido e aprovado, sem discussão, em prova e contraprova, requerida pelo Sr. Morais Carvalho.