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Sessão de 3 de Junho de 1925 7

para que ao Ministro que interpretou os seus deveres pela forma por que o fez se faça a rigorosa justiça com que devem apreciar-se sempre os seus actos.

Se li o documento em questão, foi apenas para fornecer à Câmara mais alguma cousa, do que palavras, a demonstração material da importância que eu alegava que o assunto tinha. Nada mais tenho a dizer.

O ex-governador de Macau deseja que a Câmara, como representante do País, aprecie quem é que vem bem orientando os problemas daquela colónia portuguesa. Outra cousa não desejo. Tenho a minha responsabilidade ligada a essa colónia muito profundamente. Primeiro o encargo do seu governo e presentemente a do meu actual cargo. Outra cousa não desejo, senão que o País pela voz da Câmara declare se o actual Ministro das Colónias nos seus actuais serviços o pelo que se refere à administração de Macau, serviu ou não o seu País, como tenho a consciência de o ter servido, em toda a minha carreira.

Tenho dito.

O Sr. Rodrigo Rodrigues: - Sr. Presidente: precisamos ter o espírito disposto em relação à época que atravessamos; épocas de surpresas e de bombas, umas que ferem e outras que só fazem barulho. A Câmara que reserve o seu juízo, pois terá ocasião de ouvir tudo que deve ouvir e julgar como deve julgar. Extrair do processo uma peça, lê-la e comentá-la, fora de todas as chamadas negociações já por si diz alguma cousa.

Mas estamos diante de pessoas criteriosas, sensatas e honestas, e aquilo que acabam de presenciar aqui é um processo único de discussão parlamentar que há-de ter a sanção devida das consciências a que me dirijo.

Tinha pedido á palavra pára interrogar a Mesa, porque estranhava ver o assunto para que a Câmara havia permitido a urgência preterido pela questão política, conforme o Sr. Presidente do Ministério havia solicitado. Ficava-me apenas uma saída: era requerer que o assunto fôsse tratado antes da ordem do dia.

Eu estava convencido de que a Câmara não desejava que o assunto, que começava a tratar, fôsse depois interrompido para a votação das propostas de lei apresentadas pelo Sr. Presidente do Ministério e fôsse seguido até ao fim. Mas V. Exa. e a Câmara, pelas razões ontem apresentadas, não o entenderam assim.

Não requeri que o assunto fôsse tratado antes da ordem do dia, porque era tirar-lhe toda a importância, toda a solenidade que êste julgamento precisa de ter.

Por isso, requeiro que o assunto seja tratado antes da ordem do dia, mas com prejuízo desta.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente: - A Câmara pode sempre alterar a ordem.

O Sr. Cunha Leal: - Sr. Presidente: quando nós nos opusemos a que fôsse tratado o negócio urgente primeiro que a questão política foi porque estávamos convencidos de que ora uma questão de lana caprina, em que um funcionário queria fazer as suas queixas, assim como o Ministro, questão que melhor era para dirimir no seio do Partido Republicano Português, mas desde que o Sr. Ministro pôs a questão pela forma por que a pôs. nem mesmo a um inimigo pessoal deixaríamos de dar ensejo a que se explicasse (Apoiados), e assim, depois do documento lido pelo Sr. Ministro das Colónias, damos o nosso voto à vontade do Sr. Ministro, visto que se trata da dignidade do nome português (apoiados) pois nós somos independentes e não serventuários de qualquer nação por mais amiga que ela seja; bom basta sermos serventuários do Partido Democrático.

Assim deixamos ao Sr. Ministro todo o ensejo de se justificar e varrer a sua testada.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro das Colónias (Correia da Silva): - Pedi a palavra para agradecer ao Sr. Cunha Leal as palavras de carinho pessoal que teve para comigo que em extremo me penhoraram.

Agradeço simultaneamente o voto do grupo que S. Exa. representa e direi que é indispensável tratar-se o mais ràpidamente possível dêste assunto.

O Sr. Presidente: - O Sr. Ministro das Colónias, ao iniciar as suas considerações,