O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

12 Diário da Câmara dos Deputados

laboriosas negociações, sentiu que o assunto era tam urgente que se tornava necessário um procedimento exemplar e tam exemplar que não esperou ouvir o criminoso, nem ter em atenção situações políticas de Ministro e governador, nem trazer o caso perante a Câmara dos Deputados, para a qual o estava a puxar o inconsciente que tinha escrito êsse documento.

S. Exa. abrasado naquele fervor patriótico que mais ninguém até então tinha sentido, pelas complicações de ordem, diplomática que podiam resultar dêste documento, teve até receio de o trazer aqui à Câmara, do o levar ao Senado, justificando assim o sou procedimento, he não queria ter qualquer atenção pessoal ou partidária ou oficial com o funcionário a quem demitia por uma forma de processo jamais vista.

Não temos culpa de que S. Exa. assim tivesse procedido, razão por que ou digo o repito que não sei qual a urgência que há agora.

Dir-se-há, Sr. Presidente, que o governador do Macau pertence a Legião Vermelha, contra a qual é urgente adoptar violento procedimento; ou dir-se-há que até então não tinham passado por aquelas cadeiras Ministros dignos do meu Partido, relido necessário para lá ir S. Exa. para me estrangular, apertando-me a corda.

S, Exa., na verdade, tem lançado a suspeita de que eu pretendi prejudicar os interêsses do meu País, entregando a solução do assunto ao estrangeiro.

O facto, Sr. Presidente, é que S. Exa. não foi ao Senado tratar da questão, por isso que sabia muito bem que encontraria lá a figura honesta e altiva do Ministro das Colónias, anterior a 8. Exa., o Sr. Bulhão Pato, que lhe diria logo que o assunto tinha sido tratado devidamente em Conselho de Ministros presidido pelo Sr. Rodrigues Gaspar.

Tenho a certeza absoluta de que, se S. Exa. tivesse ido ao Senado tratar do assunto, o Sr. Bulhão Pato lhe diria muito claramente que o mesmo tinha sido devidamente estudado o ponderado por todos os Ministros, não tendo sido encontrada nenhuma falta, conforme a Câmara, com a sua elevada justiça e critério, o há-de reconhecer no decurso da discussão.

O Sr. Ministro das Colónias do então procedeu com aquela correcção e escrúpulo com que devia proceder, isto é, estudando devidamente o assunto o tratando dêle em Conselho de Ministros.

Foi esta, Sr. Presidente, a razão por que S. Exa. não foi ao Senado tratar do caso, pois sabia muito bem qual a resposta que lhe daria o Ministro das Colónias de então, Sr. Bulhão Pato.

Eu não posso ter queixas sob o ponto de vista partidário, mas isso é cousa para ser tratada lá fora, em família, e já com o ar do desculpa, que eu sou o primeiro a apresentar. Não me queixo disso. Conheço a época que atravessamos, extraordinariamente perturbada. Todo o tempo é pouco. A atenção anda preocupada. Mas estranharia, sim, que S. Exa. o Sr. Presidente do Ministério não dêsse a sua solidariedade ao seu colega das Colónias. Mas parece um contra-senso? Não Vai tudo da forma como o assunto é tratado o exposto. Um documento desta natureza, lido em separado, sem se justificar do onde vem o para onde vai, é um processo que comove, mas indigno dos nossos dias, porque é perfeitamente inquisitorial! Sim! O Sr. Ministro das Colónias mostrou naturalmente ao Sr. Presidente do Ministério êste documento isolado, mas - notem V. Exas. - eu não lhes posso fazer a injúria de os supor capazes, seja qual fôr a situação política em que nos encontremos, sejam quais furem as paixões políticas que nos dividam, de se deixarem influenciar por um documento que estava escrito há dois anos, que fazia parte dum processo impresso, que fora mandado à consideração do Govêrno, lido assim separadamente. Não há ninguém que se não preocupe com a forma talvez como êle está escrito. Mas era preciso que S. Exa. expusesse ao Conselho de Ministros toda a sério de negociações realizadas.

Desde que S. Exa. dêsse conhecimento de tudo não haveria nenhum homem que lhe oferecesse então a sua solidariedade.

Mas eu, que já fui Ministro durante um ano, sei bem como é impossível, numa época de perturbação como aquela que atravessamos, repito, dedicar toda a atenção devida a questões desta natureza. E mal vai, Sr. Presidente, se a nossa desconfiança de uns para com os outros é tam grande que tenhamos de estar a fa-