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Sessão de 4 de Junho de 1925 31

visto que a situação financeira da colónia era embaraçosa.

Havemos do ver, à faço do Orçamento, quem deixou de fazer aquelas justas despesas, que realizadas fora do tempo devido, representam um maior prejuízo de ordem moral.

Existo em Cantão um trato de terreno concedido ao Govêrno Português para construção de um edifício destinado à sua representação.

Todas as representações estrangeiras têm ali os seus edifícios.

Só Portugal é que os não tinha.

Era uma situação vexatória para nós.

Nestes termos, pedi autorização ao Ministério dos Negócios Estrangeiros para utilizar aqueles terrenos - que nossa ocasião foram avaliados para cima de 150.000 patacas - podendo o Govêrno da colónia mandar construir ali o consulado, recebendo como renda a importância que, para êsse efeito estava consignada no respectivo orçamento.

Foi isto autorizado, e ainda há dias tratei esta questão no Ministério dos Negócios Estrangeiros.

A propósito devo dizer que em nenhum Ministério encontrei dificuldades para o exercício do meu mandato, senão no das colónias.

Aí sim, quando lá entro, sou tratado como lobo que entrasse num redil de ovelhas.

Mas, obtida a devida autorização, e depois do ser aprovado o respectivo projecto, começou a construir-se o edifício, que é uma verdadeira jóia.

É um edifício do tipo português, o primeiro que se levanta no Oriento, lembrando que nós temos, uma individualidade artística étnica.

Nesse edifício, o arquitecto quis colocar uma capela para que os 100 portugueses que lá estão, na sua maioria católicos, tivessem a assistência do seu missionário.

Sr. Presidente: o Sr. Ministro das Colónias, comunicando ontem à Câmara que essa obra estava em execução, quis dar-lhe a grata notícia de que a capela já estava em andamento, e que a iniciativa tinha sido minha.

V. Exa., Sr. Ministro, argúi-me do um pensamento delicado, qual foi o de mandar construir junto da casa que vai servir, em Cantão, para o consulado português, uma pequenina cousa que nos lembra lá fora a nossa terra: é a capela.

Sr. Presidente: se não possuo o título dessa lembrança, tão querida para os que lá fora se encontram, devo dizer a V. Exa. que, se lá, n um conflito de raças, fosse necessário para que nós prestássemos, construir não uma capeia, mas um templo, o se isso dependesse da minha autorização, eu não tinha a menor dúvida em a subscrever, desde que isso concorresse para a comunhão da nossa raça, em face dos estrangeiros.

Apoiados.

Não tenho dúvida em subscrever essa autorização, o até de carrear pedras, se isso fôr necessário; eu que sou um irreligioso, eu que em 1904, na índia, fiz abrir o primeiro livro do registo civil, duma foi ma encapotada, para ter o direito de registar a minha filha.

Apoiados.

Sr. Presidente: não sou o que se pode chamar um sportman, mas há um jôgo que eu sobretudo aprecio, não pela destreza física que nos dá, para nos defendermos de agressões, mas pela linha moral com que nos leva a tratar todas as questões, e ao mesmo tempo porque há nesse desporto a regra elementar de se responder com o ataque.

O Sr. Ministro das Colónias, a quem a Câmara acaba de ouvir, e que já tem elementos para apreciar o assunto, não quis dizer que, quando esteve em Macau, deu 100:000 dólares ou patacas, devidamente autorizado, para o Clube Português, em Hong-Kong, e que, não sendo suficiente essa quantia, lhe prometeu mais um empréstimo de 20.000 patacas, garantido por meio de uma hipoteca do prédio a construir no território inglês, onde Portugal não podia construir prédio algum, a não ser para a legação, de maneira que a hipoteca, que era feita por intermédio do Banco Nacional Ultramarino, representava de facto uma hipoteca nula, e tanto assim, Sr. Presidente, que, continuando o clube a administrar-se mal, teve que fazer outra hipoteca, visto que aquela que tinha sido feita com a garantia do Govêrno de Macau ora completamente nula, por o Govêrno Português não poder ter propriedades em Hong-Kong.

Procurei evitar que isso se fizesse, sem