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28 Diário da Câmara dos Deputados

ex-governador do Macau: a de que ou tinha mandado guardar uma porção do prata no Ministério das Finanças, e, no Ministério do Comércio, uns poucos de navios. Veja a Câmara que insensatez!

Quando eu li nos jornais o caso da hipoteca da prata existente no Banco de Portugal, pensei que um dos actos afirmativos da soberania dura país é precisamente a cunhagem o circulação da moeda, o, ao mesmo tempo, que essa prata poderia constituir para a colónia uma grande fonte de receita, por isso que a absorpção da prata no mercado chinês, para a confecção de artefactos, é enorme, e além disso me permitiria pôr em circulação moeda portuguesa.

E eu então apresentei um projecto ao Conselho Colonial para que se cunhasse a moeda.

Ao mesmo tempo que mandava êsse projecto, oficiava, de facto, ao Ministério das Colónias, visto que estava anunciada essa operação da prata, para que a sustivesse até que o Conselho Colonial resolvesse.

V. Exas. sabem-me dizer só o Ministério das Colónias ou o Conselho Colonial já resolveram alguma cousa sôbre êste assunto?

Isto são fantasias, são questões do lana caprina, daquele romântico que estava a delirar no Oriente, e que até servem para a sua acusação!

Quanto aos navios, a questão é semelhante. Pois V. Exas. não sabem que estava anunciada a praga dos navios?

Pedi do Macau que se estudasse a dívida da Metrópole àquela colónia, porque eu não a conhecia bom, e se realmente se podia receber contra essa dívida qualquer dos navios.

A desorganização do Ministério das Colónias é tam formidável que, por um simples telegrama mandado para um governador, se fazem transferir quantias importantíssimas, de uma colónia para outra, sem tomar em conta a sua situação financeira, a sua autonomia e os seus compromissos, o sem se querer saber do estado das contas entre elas, porque nunca só acertam as contas entre as nossas diversas colónias, nem as contas entre elas o a Metrópole.

Eu, que não conhecia a situação da dívida de Macau, nunca podia supor que aquela colónia tivesse de pagar 40:000 libras pelo transporte de meia dúzia de soldados e de munições. Cometi, pois, mais essa falta.

Sabendo aqui, há pouco tempo, que os navios iam à praça, pedi para só sustar essa praça o estudar o assunto.

Aqui têm V. Exa. as mais uma fantasiar mais um romantismo dêsse governador a quem se pegaram os sonhos do fumo do ópio do Oriente.

Ah! Sr. Presidente, é que eu, noite e dia, penso nos assuntos que me são entregues, vivendo para elos numa absorpção completa.

Se é essa a minha falta, só, apesar detratar das cousas abaixo de um ponto de vista moral e prático ao mesmo tempo-mo ligo intimamente a elas, se isso constitui um crime, ou tenho-o praticado e continuarei a praticá-lo.

Acusou-me S. Exa. também, lendo o parecer dum chefe de repartição - vejam V. Exas. quanto isto tem do disciplinar e interessante! - de tomar resoluções irreparáveis, e fundamentou esta acusação com tudo aquilo que se passou em relação à aquisição das casas para Xangai, Cantão e Pequim.

É um assunto que V. Exas. vão poder apreciar no que êle tem do essência o intenção.

Eu, quanto a tomar resoluções irreparáveis, já li à Câmara uma disposição de lei que diz que o processo que entrenó Ministério das Colónias e não tenha resposta dentro de três meses, deve considerar-se aprovado.

Mas V. Exas. sabem como se procede no Ministério?

No Ministério procede-se de uma forma que envergonharia um procurador do causas perdidas.

Primeiro recusaram-se a marcar o dia de entrada, e, porque os governadores começaram a adoptar o sistema de mandar os documentos com os avisos de recepção, passou-se a dizer depois que o contínuo que recebia os documentos e assinava não era competente, ou que o processo não vinha com os documentos todos, não se podendo assim tomar como um processo.

Êste sofisma não sei só é digno de repartições públicas; o que posso afirmar a V. Exas. é que o homem que o prati-