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28 Diário da Câmara dos Deputados

Agora procura dar-se na localidade a essa questão, puramente pessoal, o aspecto dum conflito político, e assim o delegado do Govêrno aproveitou o caso para dizer que havia um complot monárquico para o assassinar.

Prepara-se dêste modo um belo ambiente de liberdade para o acto eleitoral, e o certo é que os boatos ali aparecem todos os dias, com ameaças contra as pessoas que não professam a política dêsse médico ou do delegado do Govêrno.

Ao Sr. Ministro do Interior poço a atenção devida para este caso, porque não pode continuai-se neste regime de liberdade republicana em que pessoas nómadas, pessoas que têm uma justificada categoria social, são vitimas de manobras destinadas a impedir que das urnas saia qualquer cousa que seja a vontade dos eleitores. Parece-me bastante o que tem sucedido para justificar a demissão do delegado do Govêrno que, longe de pacificar, está inventando pavorosas para perseguir as pessoas mais honradas do concelho do Alenquer.

Espero que S. Exa., ao monos uma vez, só deixo despir daquele facciosismo o despotismo de que tem dado brilhantes provas, e substitua êsse delegado por uma pessoa que firmo, pela sua imparcialidade a garantia de que não mais violências se, farão naquele concelho, estabelecendo assim aquela atmosfera que qualquer Govêrno deve desejar para um acto eleitoral.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro do Interior (Vitorino Godinho): - Ouvi as considerações do Sr. Carvalho da Silva, o visto que S. Exa. me deseja despido de facciosismo, aqui me tem ao seu dispor para lhe dizer que já tinha sido informado dos casos passados em Alenquer.

Como S. Exa. disse, e muito bem, trata-soedo uma questão que nada tem, que ver com a política, mas V. Exa. contradisse se, porque seguidamente afirmou que ela tinha o propósito de manobras eleitorais.

Não tem V. Exa. razão.

Como o Sr. Carvalho da Silva deploro os acontecimentos que se deram em Alenquer, tanto mais que nêles se encontram envolvidas pessoas do cuja honestidade ninguém pode duvidar.

Houve excessos, houve, porventura, uma manifestação de temperamentos irritados, mas a versão que V. Exa. apresentou não coincide com as duas outras que são do mau conhecimento, uma das quais me foi contida por pessoa muito chegada a um correligionário de V. Exa.

Todavia, isto é uma questão de simples detalhe, porque em última análise, deram-se acontecimentos lamentáveis, tendo o delegado do Govêrno cumprido o seu dever, até com certo escrúpulo, porque, para não ser acoimado de suspeito, requisitou para Lisboa um utente de policia do investigação, que foi expressamente a Alenquer apurar o caso.

Êsse agente, em plena liberdade, no cumprimento do seu dever, fez o seu relatório, enviando para o Poder Judicial aquelas pessoas para quem deveria haver êsse procedimento.

No emtanto não tenho dúvida em mandar coligir novos informes, devendo acrescentar que não me parece que o delegado do Govêrno tenha procedido com qualquer facciosismo

Mandei pedir informações ao Sr. governador civil, e S. Exa. disse me que efectivamente tinha lá estado um agente a apurar os casos ocorridos, que tinham sido feitas as prisões julgadas necessárias, para apuramento da verdade, e que, opôs o inquérito, algumas dessas individualidades tinham sido soltas, e outras enviadas ao Poder Judicial.

Não há aqui manobras eleitorais; V. Exa. é que quis transformar numa questão política aquilo que V. Exa. mesmo reconheceu ser uma questão pessoal.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Sá Pereira: - Sr. Presidente: pedi a palavra para chamar a atenção do Sr. Ministro do Comercio, para um caso que reputo de bastante gravidade.

Em Lisboa, especialmente em alguns dos seus bairros populosos, há três dias que se nota falta de água.

Este facto quanto a mim, oferece uma gravidade grande em qualquer quadra do ano, mas muito especialmente nesta que estamos atravessando.

Chamo para o facto a atenção de S. Exa.,