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Sessão de 15 de Junho de 1925 23

sasse a sério na realização do porto, conseguiu-se em primeiro lugar por campanhas feitas em jornais da colónia, o em segundo lugar pela iniciativa enérgica do governador Correia da Silva, que ao fim de um grave conflito se realizasse um acordo com o Govêrno do Cantão, pelo qual se construísse um porto em águas em que possivelmente os conflitos fossem menores; e depois, pela acção do Govêrno de António Granjo, que se colocou ao lado do governador, conseguiu-se que só levasse a efeito a construção do porto.

Mas o porto de Macau é, necessàriamente, um porto de concorrência com o de Hong-Kong.

Mas, Sr. Presidente, se Macau não pode continuar a ser um porto tributário do porto de Hong Kong, e autos tem de com êle competir, se esta tem do ser a situação, pregunto:

Qual é o entendimento possível com o Govêrno de Hong-Kong?

Estamos a construir um porto sem ter a pretensão de ser porto de guerra. Tem pelo menos o desejo de ser da mesma massa que forma êsse porto de Hong-Kong.

Estamos a procurar que essa massa alimente mais um porto, o de Macau.

E então vamos nós administrar, pedindo que colaborem no nosso porto?

Qual pode ser o intuito? Qual é o pensamento político que nos poeta levar a êste fim? Qual o pensamento político que nos pode levar a chamar qualquer outro Govêrno a acompanhar-nos a colaborar connosco na administração, e representação do nosso porto?

Apoiados.

Será, porventura, o desejo de procurar o capital inglês para intervir no porto de Macau?

Simplesmente não há números nem informações, ou os elementos necessários que possam levar o Governador a supor, sequer, a realização dêsse empreendimento.

Será possível? O porto de Macau só tem o progresso que possa resultar dos nossos desejos de aproveitamento dessas regiões, e do lucro do comércio.

As receitas directas hão-de ser insuficientes. Porventura a colónia tem rocei-tas indirectas pelos impostos e aumento comercial?

Alguma cousa só pode aproveitar dessas receitas indirectas. Receitas directas são insuficientes.

Dificilmente vão além de cem patacas por ano.

E quem poderá encontrar na China quem empreste com juros a 10, 18 e 20 por cento para tais empresas?

Não creio.

Mas o Sr. Ministro das Colónias pôs perante a Câmara a certrza de que nenhuns elementos permitem que se resolva esta questão sob o ponto de vista da possibilidade da formação dessa Companhia, idea apenas desenhada no espírito do Governador exonerado.

Não há possibilidade prática que possa pôr-se, como sendo uma realização à discutir.

Nessa exploração do porto de Macau pretendia o Sr. Governador exonerado que entrassem capitais chineses.

Devo dizer que, sendo necessários ao futuro de Macau entendimentos com a China, êsses entendimentos não podem derivar do facto de meter capitais chineses na exploração do porto de Macau; carecemos, sim, dum tratado que permita a realização do caminho de ferro ou duma estrada que permita realizar negociações comerciais; precisamos que se consiga que as lanchas não fiquem privadas de sair das águas chinesas e poisam vir às águas de Macau, precisamos dumas certas facilidades do Govêrno de Cantão, mas essas facilidades têm de ser conseguidas pelos Governos, nunca por intermédio dos capitalistas que residem em Macau, em Hong-Kong, ou em Cantão, e que nenhuma influência real podem ter na administração política do sul da China. Além disso é absurdo supor que os chineses procurariam entrar nessa exploração, a não ser que vissem nela qualquer forma de especulação que lhes permitisse supor que obteriam uma remuneração muito superior ao dinheiro despendido.

Sr. Presidente: não desejo cansar a Câmara com um assunto como êste de ordem técnica; desejo, porém, referir-me, mais uma vez, especialmente ao Governador exonerado para repetir que S. Exa. mostrou, através dos problemas do Macau, qualquer cousa que se pode parecer com rasgo de génio, por vezes mostrou ter nítida compreensão dos problemas da co-