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Sessão de 10 de Junho de 1925 25

ir buscar elementos para se apreciar a sua administração financeira.

Mas, mesmo assim, e tomando por base os dois últimos orçamentos, um elaborado pelo Sr. Correia da Silva, quando governador do Macau, e o outro pelo Sr. governador agora exonerado, nota se o que vou ler.

Isto é, vê-se do que li, e claramente, que a despesa e maior na sua administrarão do que na do seu antecessor; despesa maior do que a prevista na administração anterior visto que a despesa extraordinária, derivada da realização de obras, não podia servir de termo do compararão na administração dum o doutro.

Mas ou sei que o Sr. Deputado interpelante sentiu com farto anormal que não fôsse o Deputado por Macau quem levantasse a questão no Parlamento. Sei que outros Deputados, e ale não Deputados, alguns meus eleitores, estranharam o meu silêncio sôbre a administração de Macau.

Não o fiz por medo. Se eu fosse Ministro amanhã - pensei - exonerava o Sr. governador Rodrigo Rodrigues um ou dois das após a sua nomearão. Mas quando o fizesse, exonerá-lo-ia com a certeza de que escolheria um sucessor. E, como Deputado, tinha medo de concorrer por qualquer forma para a sua exoneração, bem poder concorrer para a escolha do seu sucessor. Não quis esquecer o velho provérbio: atrás de mim virá quem melhor fará... Reconhecia que S. Exa., com todos os seus defeitos de nervosismo, de falta de estudo e de respeito pelas leis em vigor, estava, todavia, cheio das melhores intenções, animado do desejo de bem servir o País. E tinha medo, repito, medo legítimo o autêntico, de que sôbre a sua vaga outra vaga aparecesse, nascida das ondas dos pretendentes, de todos os que supõem que a vida política, a Câmara dos Deputados ou o Senado constituem escolas para trepar para os lugares da administrarão pública em Portugal, escolas para tomar conta dos governos coloniais.

Senti que, quando S Exa. exonerado estivesse, o Ministro podia não ter a força suficiente para escolher sem que caíssem sôbre êle correligionários e Directório e lhe impusessem: "desde que temos os votos dos eleitores para viver em Partido, temos também o direito de pôr em perigo as colónias, distribuindo pelos diversos chefes de grupo os cargos que entendermos, sem nos lembrarmos que damos cabo de tudo o que é a administração colonial ou representa o progresso das províncias ultramarinas que ainda ternos, se continuarmos a ser joguete dos vários políticos, que, não lhes bastando as cadeiras de Ministro, querem também ocupar situações e cargos para os quais não são de modo algum competentes.

Mas, Sr. Presidente, os erros de S. Exa. são mais erros da máquina da administração do que erros que se possam directamente atribuir a S. Exa. E a condição essencial para o bom funcionamento dessa máquina é o regular andamento e a escolha das suas peças essenciais.

A República tem destruído o pouco que o regime anterior lhe deu, quer na metrópole, quer nas colónias.

Andando sempre nessa leva - como sucedeu com uns cavalheiros que, não servindo para estudantes, o Govêrno escolheu para professores - não há administração possível, não há colónia ou cousa alguma que possa progredir.

Escolher governadores!

Mas não sentem todos que a escolha de governadores coloniais, entre políticos categorizados de varios partidos, é condição essencial para que as suas administrações não possam ser devidamente fiscalizadas?!

Não vê toda a gente que os empregados do Ministério das Colónias têm receio de examinar os actos de um governador colonial que é politico categorizado no seu partido, porque - dizem - êle no dia seguinte pode ser Ministro a quem tenham de prestar contas?!

Não sabe toda a gente que já houve um Ministro das Colónias que aos empregados do seu Ministério foi pedir contas de informações que haviam dado quando êle, Ministro, era governador de uma colónia?!

Não sabe toda a gente que muitos dos políticos categorizados têm a impressão de que são pessoas que na administrarão pública mais podem do que qualquer chefe de repartição ou director geral?!

Não sabe toda a gente que os direc-