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22 Diário da Câmara dos Deputados

Foi S. Exa. quem mo preguntou se tinha havido qualquer comunicação da Metrópole para que a arrematação se fizesse.

Não procuro fazer da Câmara dos Deputados comissão do investigação dos negócios do Macau ; todavia, só o Sr. Deputado interpelante quiser levar-me para êsse caminho, lá irei.

Preguntou-me S. Exa. só tinha ou não havido arrematação provia.

Afirmo que não tinha havido arrematação prévia.

Êstes factos não necessitam de muitos documentos para os provar.

Não houve arrematação para que o contrato só realizasse.

Êste é o facto consumado que eu apresento à Câmara som ser o meu intuito discutir os actos do governador exonerado; mas isso não me impede de afirmar bem alto que a questão do ópio não derivara, das obras do porto de Macau.

O que fez Hong-Kong? Defendeu-se da melhor forma, procurando que o fornecedor de ópio - o seu maior inimigo - lhe fizesse o menor mal.

Tudo isto é fácil do demonstrar por documentos que se encontram no Ministério das Colónias.

Vem agora a questão da exploração do porto de Macau; mas não foi essa questão a causa dos conflitos com a China.

Não há um único diploma que possa negar esta afirmação.

Macau, todos sabem que foi essencialmente um porto o não teve outra função durante três ou quatro séculos.

Evidentemente era essa urna situação privilegiada.

A certa altura, porém, essa situação começou a deminuir, até quási desaparecer,

O tratado de Nanquim deu-lho, na verdade, a primeira facada.

Hong-Kong era um pôrto de condições geográficas especiais, embora do principio não aproveitadas, o devia vir a causar, como causou, a ruína do porto de Macau.

Os portos interiores do Rio Oeste também contribuíram para isso, porque a China, para a luta que há entro as alfândegas nativas e as alfândegas chinesas começou a aliciar barcos especialmente só para navegarem em portos do Rio Oeste abertos as comércio europeu, arranjando outros para navegarem em portos do Rio Oeste não abertos ao comércio europeu, e é claro que o comércio principal começou a fazer-se em portos não abortos ao comércio europeu, perdendo apenas com isso Macau.

Efectivamente sucedeu que o comércio marítimo especial de Macau, que é feito em juncos, cedeu lugar ao comércio dos barcos a vapor, que vão directamente a Hong-Kong, e Macau ficou somente a exercer a Junção de simples porto distribuidor das regiões mais próximas.

Assim, quem quiser dar-se ao trabalho de consultar estatísticas em Macau, não as há, infelizmente, como devia ser, porque em Macau, sendo porto livre, nunca se procurou organizar o movimento do comércio do bom porto - tendo morrido numa gaveta do Ministério das Colónias a única proposta que havia para êsse efeito. Mas quem quiser dar-se ao trabalho de arranjar estatísticas, extraídas do certos relatórios das alfândegas, verificará que depois da inauguração do porto de Hong-Kong, isto é, há 20 anos para cá, o nosso porto pouco a pouco foi perdendo completamente todo aquele comércio que não tem carácter local ou do distribuição pelas regiões próximas.

Assim, o comércio do chá, tecidos, tabaco, petróleo e esteiras desapareceu de Macau, passando a fazer-se directamente pelo Rio Oeste para Hong Kong, para evitar a dupla despesa do fretes para Macau.

Acontecia também que o porto interior se estava assoreando e, naturalmente, por esta fácil conclusão que tiram todos os portugueses a respeito dos problemas importantes, qual é a de deduzirem as conclusões pelo raciocínio em lugar do as deduzirem pelos números o observações, espalhou-se a lenda, o grito constante, de que Macau morria por ter o porto assoreado.

Como isto se afirmava por toda a parte, começaram a levantar-se campanhas para a realização do porto de Macau.

A certa altura verificou-se que a realização do pôrto não resolvia o problema, porque o simples alargamento e afundamento do canal havia necessàriamente de dar os mesmos resultados que até ali.

Mas, juntando-se a isto as causas políticas que derivavam da questão dos limites e impediam, portanto, que se pen-