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8 Diário da Câmara dos Deputados

princípios que tanto serviram do reclamo nos tempos o saudosos da propaganda.

Mas não, os homens que só assenhorearam do Poder desprezam inteiramente êsses princípios.

É o que nós vemos com êste Govêrno, seja porque só trato duma resolução sempre acatada, ou seja porque só trata dum Govêrno que apenas tem uma reduzida minoria republicana.

Efectivamente quem se lembra de ter visto o Sr. Vitorino Godinho nos comícios, ou em quaisquer manifestações republicanas, no tempo da Monarquia?

Quem conhece os relevantes" serviços prestados nosso tempo á causa da República pelo Sr. Ministro da Justiça, Adolfo Coutinho?

Quem sabe da intervenção nas diferentes revoluções do Sr. Sá Cardoso, do Sr. Mimoso Guerra, Ministro da respectiva pasta?

E ainda hei-de procurar os serviços prestados à República nesse tempo pelo Sr. Ministro da Marinha, Pereira da Silva, só foi seguramente pelo entusiasmo que S. Exa. teria pelo Sr. Conselheiro João Franco, que se esqueceu do vir para o campo da propaganda dos princípios republicanos.

E depois, e depois quem? O Sr. Ministro dos Estrangeiros, Sr. Pedro Martins, o antigo Deputado monárquico em várias Câmaras da Monarquia. Não era com certeza como Deputado monárquico que S. Exa. pregava os princípios republicanos.

E se passarmos da pasta dos Estrangeiros para a pasta do Trabalho? Para a pasta do Trabalho...

Que trabalho que o Sr. Sampaio Maia teve para derrubar a Monarquia!

Que trabalho que o ilustre Ministro do Trabalho, como republicano histórico, teve para derrubar a Monarquia!

Interrupção do Sr. Nuno Simões, que se não ouviu.

O Orador: - Eu nem me atrevo a repetir o àparte de V. Exa. que, como republicano histórico, não gostaria que eu o fizesse. Eu sei que tem sido acusado, até, do ser redactor da Palavra.

O Sr. Pires Monteiro: - E V. Exa. é também monárquico histórico?

O Orador: - Eu digo a V. Exa.: eu nunca fui político, mas monárquico fui sempre.

No Govêrno tenho amigos. Ainda hoje sou amigo pessoal do Sr. Ministro da Instrução; o devo confessar que êsse foi sempre republicano.

E por isso que S. Exa. representa no Govêrno a minoria governamental.

Efectivamente o Sr. Ministro da Instrução e o Sr. Presidente do Ministério, creio eu, vem a representar a minoria republicana do Govêrno.

Mas, porque assim é...

O Sr. Carlos Olavo: - E o Ministro das Colónias?

O Orador: - O Sr. Ministro das Colónias é pessoa a quem também mo ligam há muito relações da mais estreita amizade.

E republicano muito antes de 5 de Outubro. Por isso S. Exa. também faz parto da minoria republicana do Govêrno.

V. Exa. tem tanto horror ao sufrágio, que, se só fizesse um plebiscito livre dentro do eleitorado, a Monarquia estava restaurada.

Àpartes.

O Orador: - Estava. Até no Govêrno a maioria monárquica é esmagadora! Até no Govêrno.

O Sr. Francisco Cruz (interrompendo): - Isso prova que a República está meia feita!

O Orador: - Falta agora fazer a outra meia, que é o que o Sr. Ministro do Interior tenta fazer.

O Sr. Nuno Simões: - Meia desfeita é que V. Exa. a queria dizer!

O Orador: - O que se constata é que o Govêrno não quere acoitar êsse princípio democrático, evitando que os eleitores possam chegar à boca das urnas para exercer o direito de voto.

Na cidade do Lisboa como no Pôrto há uma certa dificuldade de transportes, que impede que a mesma pessoa possa votar