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Sessão de 15 de Junho de 1925 9

em freguesias diversas o, nesse caso, é preciso alargar o prazo, pois não é justo exigir de um defensor da República que em poucas horas percorra uma quantidade grande de freguesias para votar em todas elas.

É êste o único processo que a República tem para multiplicar a sua minoria o, nestas condições, o Govêrno quere mostrar a sua dedicação à República fazendo votar esto parecer.

Ainda ontem à noite eu conversava com um republicano, daqueles que estiveram na Rotunda em 5 de Outubro do 1910, que disse ter pena de ter feito a República, porque não é possível haver liberdades e direitos dentro dêste regime.

O Sr. Paiva Gomes (em àparte): - Era melhor o tempo de João Franco.

O Orador: - Tomara V. Exa. o o País inteiro voltarem a êsse tempo.

O Sr. Paiva Gomes (interrompendo): - Com adiantamentos e tudo?!

O Orador: - V. Exa. com a sua paixão do republicano, sorve-se dêsse argumento, mas eu sei bem quanta vontade V. Exa. teria, que ela não se tivesse implantado há tanto tempo.

O Sr. Brito Camacho (em àparte): - Não haverá muitos monárquicos que tenham pena de ela não ter sido proclamada há mais tempo?

O Orador: - Talvez aqueles que o regime monárquico não deixava tirar proventos que hoje tiram no regime republicano. Êsses talvez possam dizer isso.

Mas dizia eu: porque é que sendo até hoje o número do eleitores em cada freguesia de Lisboa o Pôrto de 600, agora se pretende elevar êsse número a 1:200?

E apenas para que o acto eleitoral dure mais tempo, por forma a que ,a pessoa encarregada de votar em muitas assembleas tenha tempo de o fazer.

Além dêsse há outro propósito na multiplicação do número de eleitores, que é impedir que as eleições terminem no mesmo dia, e assim já se sabe pela descarga quantos votos ainda faltam para completar r a grande maioria.

É um processo muito usado pela República; é um processo que está de acordo com o que se passou com os recenseamentos eleitorais.

Efectivamente, eleitores morando há 20 anos e mais numa determinada freguesia, muitos deles habilitados com cursos superiores, ficam inibidos de se inscrever nos cadernos de recenseamento eleitoral, porque os regedores receberam ordem para não passarem os atestados de residência, alegando que desconheciam se êles moravam ou não nas freguesias.

E um processo liberal; é um processo democrático; é um processo republicano ; um processo dos amigos do povo; é um processo de que simplesmente se esqueceram os propagandistas da República, que andaram a pregar nos comícios onde anunciavam o bacalhau a pataco.

No Pôrto os recenseamentos eleitorais são ainda mais republicanos! Simplesmente aqueles homens que em nome da República se apresentam como amigos sinceros do povo, aqueles homens que se dizem muito democratas, por exemplo os Srs. Velhinho Corroía, Tavares de Carvalho o João Camoesas, já têm experimentado a sua popularidade. Quando vão falar às assembleas populares, já sabem que o povo os não deixa às vezes fazer os discursos que tencionavam lá ir proferir.

Já sabem bem as manifestações de simpatia com que as suas opiniões lá são acolhidas.

O Sr. Tavares de Carvalho: - Isso devo ser engano; nunca experimentei isso!

O Orador: - No teatro Apoio, se não estou em êrro; e o Sr. João Camoesas na Praça dos Restauradores.

O Sr. Velhinho Correia, então, quando ia fazer a sua estreia dramática no teatro Nacional, foi recebido como V. Exas. sabem; e S. Exa. tanto não quis mais essa profissão, que foi em seguida para Roma, dizem até que para se meter num convento, o que eu nunca acreditei.

O Sr. Presidente: - E a hora de se passar à ordem do dia.