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16 Diário da Câmara dos Deputados

nómicas dos País, continuasse a rir-se do País, lançando à margem todas aquelas justificadas e ponderadas razões que lhe eram apresentadas, a maior parte das quais se baseava na falta de cuidado e de estudo com que se votaram leis neste Parlamento.

Longe de ter servido isso do emenda, longo de mostrar ao menos na proximidade de um novo acto eleitoral que os políticos do novo regime queriam dar uma aparência dos seus sentimentos democráticos e de respeito pela opinião pública, ainda se foi mais além na demonstração de que não vivemos numa democracia, mas pelo contrário num regime em que um determinado número de pessoas se julga dono do País, querendo que o próximo Parlamento, por virtude de violências no acto eleitoral, seja o mesmo que êste do deprêzo pela opinião nacional.

Eu sei que o Sr. Sá Cardoso já hoje não pensa da mesma forma que pensava quando há dias enviou para a Mesa a proposta que estamos discutindo.

S. Exa., então, julgava que a Acção Republicana continuaria a gozar do Poder e assim poderia tirar proveito de uma pseudo discussão orçamental.

Mas, Sr. Presidente, as cousas mudaram e assim é que o Sr. Sá Cardoso, em face da espectativa benévola anunciada pela minoria nacionalista ao Govêrno do Sr. António Maria da Silva, foi, com os seus amigos, pôsto fora dêsse Govêrno e pôsto fora também do futuro Govêrno.

Estou convencido de que esta é uma das últimas sessões do actual Parlamento.

Estou convencido de que o Sr. António Maria da Silva, uma vez constituído o seu Govêrno, há-de ganhar alguns dias primeiro que faça a sua apresentação ao Parlamento, como estou convencido de que, quando o apresentar, se não preocupará com o número de votos que porventura possa ter qualquer moção de confiança ou de desconfiança aqui apresentada.

S. Exa., visto que sabe bem que, trazendo um Govêrno nas condições em que constitui o seu, não poderá contar senão com uma oposição por parte da Acção Republicana, por parte de uma fracção do seu próprio partido e por parto dêste lado da Câmara, e que uma simples espectativa benévola prometida pela maioria nacionalista não lhe é suficiente para governar, tanto mais que uma moção apresentada por qualquer lado da Câmara poderia forçar essa minoria nacionalista a votar, em sentido que impedisse a continuação do sou Gavêrno - S. Exa., que sabe tudo isso, há-de procurar concertar as cousas de modo a manter-se no Podor.

Por isso que o Parlamento resolveu prorrogar as suas sessões até ao próximo dia 15, se houver faltas de número para a Câmara funcionar, o Sr. António Maria da Silva, depois de ter convocado os colégios eleitorais logo passado o dia 15, apresentar-se há mais tarde como uma vi* tinia do Parlamento actual que não quis votar os orçamentos.

Assim, creio bem que a maioria está apenas fingindo que se preocupa com a forma como há-de decorrer a discussão dos orçamentos, sabendo muito bem que êles não serão discutidos.

Este lido da Câmara, porém, que não entra em combinações, que constitui uma oposição verdadeira, quere manter-se até final na situação em que se tem mantido de verdadeira oposição, impedindo, tanto quanto em suas fôrças caiba, que se pratique qualquer acto que represente um ataque aos dinheiros públicos.

Em todo o caso, Sr. Presidente, se as cousas assim se passarem, o País saberá que tal facto só pôde dar-se por um entendimento entre a minoria nacionalista e o novo Govêrno democrático agora formado e que não sei se chegará a apresentar-se a esta Câmara.

Sr. Presidente: os factos hão-de mostrar se há ou não entendimentos entre a facção moderada do Partido Democrático e a minoria nacionalista.

Trocam-se explicações entre o orador e o Sr. Francisco Cruz.

O Orador: - V. Exa. podia fazer-mo o favor de me dizer a que horas se passa ao período de antes de se encerrar a sessão?

O Sr. Presidente: - Ás 19 horas e meia.

O Orador: - Muito obrigado. Sr. Presidente: não gosto de invocar o testemunho de ninguém, mas V. Exa.,