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Sessão de 7 de Agosto de 1925 19

de cristalização em que se encontram todas as categorias da sociedade portuguesa.

Nunca me associei a essas campanhas contra essa Universidade; considero-a como um dos maiores factores da nacionalização de Portugal, e já da outra vez que ocupei esta cadeira tive ocasião de mostrar por factos o interêsse que me merece êsse estabelecimento de ensino, que pode considerar-se, na realidade, único centro universitário português.

Entendo por isso, Sr. Presidente, que seria desnecessário, a propósito da sua administração, trazer para a consideração do Parlamento, pôr na letra de forma de um parecer da Câmara dos Deputados, algumas das considerações que o ilustre relator redigiu.

De resto, o Sr. António Luís Gomes, pessoa mais essencialmente visada através das considerações do relator a que me venho referindo, é uma pessoa suficientemente conhecida no País como uma pessoa de bem, que pode, porventura, ter errado adoptando certas praxes menos regulares de contabilidade, mas que, com certeza, não praticou nenhum acto menos honesto.

Apoiados.

Sei por conhecimento próprio que o Sr. António Luís Gomes põe sempre no desempenho das suas funções todo o seu cuidado e grande correcção.

De resto, Sr. Presidente, há uma consideração a que não atendeu o empregado do Conselho Superior de Finanças, que fez o serviço de fiscalização das contas da Universidade, e que eu considero atendível: é a circunstância de ser ainda em Portugal muito recente o fenómeno da autonomia das Universidades, não estando absolutamente harmonizadas com essa autonomia as regras da contabilidade pública.

O Sr. Ginestal Machado (interrompendo): - O próprio empregado que fiscalizou as contas disse-me que nada havia que pudesse dar motivo a ter-se como menos honesta a acção, quer do reitor, quer dos professores que pertencem à junta administrativa.

O Orador: - Muito folgo com essa informação, tanto mais que ela nos é dada
através da opinião da própria pessoa que foi examinar as contas. Houve irregularidades quanto à forma de contabilizar, mais nada.

Lamento que o Sr. relator fizesse-me seu parecer a digressão que fez a tal respeito.

Sr. Presidente: a propósito dêste capítulo do Orçamento que diz respeito a toda a vida do ensino superior, produziu o Sr. relator determinadas críticas que podem induzir a êrro quem não esteja no conhecimento integral do assunto.

É mester reparar em dois acontecimentos que se produziram na vida do ensino superior em Portugal.

Primeiro é que se adoptou uma organização a seguir à implantação da República inteiramente diversa da anterior, que mal começava a desenvolver-se, que mal começava a pôr se em prática, quando a guerra veio trazer-lhe os inconvenientes que são do conhecimento do todos. Isto deu em resultado que institutos de investigação científica, que se havia montado com a dotação do material necessário para o tempo, ficaram reduzidos a quási não poderem fazer nada, estando hoje com o material gasto e insuficiente, do maneira que não podem neste momento corresponder já às necessidades do ensino e progressos scientíficos do País, nem mesmo ao pensamento que ditou a transformação do ensino universitário.

Um dêsses institutos conheço eu particularmente, porque tenho trabalhado nele; é o Instituto de Fisiologia de Lisboa, onde se trabalha afincadamente. É dirigido por um dos professores portugueses mais distintos, o Sr. Mark Atias, que tem consagrado toda a sua vida ao ensino e investigação scientífica, e que dedica ao seu instituto diariamente um número de horas muito superior àquele que marca o regulamento.

Noutros tempos está aqui presente gente que é dessa época o ensino da fisiologia fazia-se na Faculdade de Medicina, lendo-se os compêndios ou repetindo-se as lições do mestre; hoje, faz-se isso com experiências práticas.

No emtanto, trabalha-se hoje neste Instituto com o ir esmo material com que só trabalhava em 1911, com o material com, que têm aprendido dez ou doze cursos! V. Exa. podem calcular que os apare-