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20 Diário da Câmara dos Deputados

lhos estão cansados e até alguns impossibilitados de trabalhar, de maneira que, apesar do aumento de receita, que o Sr. relator assinala, apesar da deminuição do preço do material por virtude da melhoria cambial, o que é certo é que as verbas inscritas no Orçamento em relação àquele Instituto - e o mesmo sucede em relação aos outros - não basta para as necessidades da conservação do material quanto mais para o seu desenvolvimento.

Do resto, em toda a parte do mando existem hoje institutos de fisiologia aplicados à indústria, tirando óptimos resultados; pois, apesar de toda a boa vontade do seu director, não é possível aquele Instituto fazer um trabalho conveniente a êste respeito.

Não imaginem V. Exas. que o problema do desenvolvimento do Instituto de Fisiologia é de carácter técnico.

A guerra veio pôr em evidência, principalmente nos países melhor adestrados, como a Inglaterra e América do Norte, a impossibilidade de fazer com eficácia a direcção da indústria, sem um certo número de experiências de carácter scientífico, sem a aplicação de um certo número de regras de carácter fisiológico. Logo em 1916, ao rebentar a guerra, a Inglaterra nomeou uma comissão para tratar dêstes assuntos, realizando-se as mais extraordinárias investigações scientíficas de que há memória em todo o mundo culto.

Verificou-se no decurso dos trabalhos dessa comissão que o rendimento aumentava pela prática das regras, as mais delicadas e interessantes, verificando-se também que nem sempre é verdadeira a velha teoria do que o rendimento do trabalho é directamente proporcional ao número de horas de trabalho.

Também a Inglaterra nomeou uma outra comissão, a do Investigação da Fadiga Industriai, comissão que ainda hoje funciona, apesar de noutros países muitos dos organismos acidentais que se constituíram terem já sido extintos.

Em Portugal, nenhum dêsses organismos criados pela guerra, sobreviveu.

Apenas um durou algum tempo após a guerra, e êsse foi o Instituto de Educação dos Mutilados, o qual acabou já, mais por uma birra entre os médicos militares e civis do que por qualquer outra circunstância.

Sr. Presidente: é um dos mais belos capítulos da nossa vida pública a história da maneira como se criou e desenvolveu, funcionou e morreu o Instituto de Educação dos Mutilados do Guerra.

Lançada a idea, foi nomeada uma comissão, composta das pessoas mais ou menos especializadas, para irem ao estrangeiro ver como funcionavam as instituições de carácter daquela que se queria montar.

Essas pessoas foram mandadas especializar nos centros scientíficos, como António Aurélio da Costa Ferreira, que foi fazer a sua especialização, junto do professor Arnoir, no laboratório que êle dirige no Instituto de Artes o Ofícios, de Paris.

Depois as cousas seguiram o caminho que é costumo em Portugal; começaram as birras e as rivalidades, e, acabada a guerra, o instituto desapareceu.

Dentro dêste ramo de ensino tam importante, em Portugal existe uma crise do investigação scientífica.

Durante os primeiros cinco anos da proclamação do actual regime alguma cousa se fez, mas os laboratórios ficaram como estavam e o desenvolvimento que se operou nos primeiros cinco anos está inteiramente comprometido.

Entende o Parlamento que isto pode continuar assim?

Entendi! a Câmara dos Deputados, porque vivemos num aperto financeiro, que podemos continuar como estamos, condenando à esterilidade absoluta êsse instituto?

Eu não sou dessa opinião; entendo que, apesar da situação financeira, devemos fazer os sacrifícios necessários para que êsses institutos realizem a função que lhes compete.

Será uma centena de contos que vai agravar o déficit orçamental?

Não: a nossa regeneração financeira tem de ser feita lentamente, e para isso é necessário não desprezar todos os elementos que possam concorrer para o equilíbrio orçamental, e êsses elementos são todos aqueles que representam o desenvolvimento da riqueza pública.

Desprezados êsses elementos, deminuir-se há a capacidade tributária e desvalorizam as fontes de riqueza que o País tem.