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Diário das Sessões do Congresso

mento de Leonardo fez voar a audácia portuguesa a todas as praias do mundo, levando-, porventura nós olhos, a cubica .de novas riquezasf mas também a alegria triunfadora de mais extensão para a alma e mais domínios para a Pátria.

É o momento em que o Papa tem de cortar por um meridiano o planeta em duas-zonas de audácia: a portuguesa e a. espanhola. s .

j Tanto é o fogo que devora a ansiedade dos homens!

Comunicar, conviver, aumentar a experiência que. fazemos, alimentar a vida duma liberdade interior, que surge fremente de forças criadoras. -

Vermelha aurora dos séculos em que o individualismo luciferino há-de brilhar até o rubro dum incêndio ameaçador!

Esse movimento caudaloso encontra em Descartes um repouso éin que se contempla.

E a razão experimental construtiva, a razão metodológica, toma conta de si lio recanto liberto e dessaeratizado das sciên-cias. .

A sciência progride e em Newton fecha um ciclo de evolução, que a levanta perfeita e completa.

Aparece então* a sua Escolástica.

É Kant o seu doutor.

O escolasticismo de Kant é de novo o aparecimento de categorias imperativas, que são as formas puras, as condições formais da experiência.

No emtanto em Kant aparece a Experiência para além do condicionalismo ar- . quitectónieo das formas, penetrada de li-, berdade, e, a Eazão prática, se ó social e imperativa pelo universalismo das suas leis, é individual e livre pela autonomia de cada querer.

A Razão experimental de Leonardo e Descartes era para os homens da Enci-. clopedía a Razão orgânica ,do saber constituído,

Essa Razão já não coincide com todas as'categorias imperativas da tradição, e a análise destas dá, com a negação 'revolucionária, os limites a pôr aos exageros das categorias sociais.

Ao realismo social pietende-se substituir um volnntarismo que a razão inteir-pretativá tenta justificar.

É a teoria do Contrato Social, são as expressões das vontades contratantes pe-

los postulados da liberdade, da igualdade e da fraternidade.

E na Revolução Francesa nós encontramos a luta entre a velha Razão s,ocial afectiva e dogmática, Deus ou consciência social, e a nova razão abstracta dos enciclopedistas e o- Deus relação das almas, faísca do cristianismo, vivendo sempre no coração de Rousseau.

O culto da deusa Razão é um momento inferior e abstracto, como o culto do Ente Supremo,; e -a religião universal da natureza de Robespierre é a nova Razão experimental, ignorante ainda do seu corpo de eterno crescimento, dá sua vida de mobilidade e relação, julgando poder fixar-se numa Natureza e num Deus já revelados pela sciência e pelos novos postulados da verdade e da justiça social.

Assim, não só o realismo social não tinha sido suficientemp-nte discutido pela verdadeira razão experimental, que, inconsciente de si, ia crescendo para a sua próxima maioridade, mas um novo realismo social iria aparecer.v para além das experiências feitas, do saber social atingido.

- E o lugar aberto aos Taine, Marx, a. todos que, em reaccionari&mo, tendam para o • organicismo anterior da Razão , afectiva, a todos os que, pelo próprio movimento da Razão experimental construtiva, tendam, por amor de sciência, para a plena consciência dessa Razão, para a vida consciente do pensamento e da acção social;

Eis o que entendo por Tradição: a continuidade desta razão experimental, desta atitude espiritual, viva, quente,-sempre contactando mais vastas realidades pela aspiração dum renovado e melhorado querer. •

Eis -a tinidade que enlaça sem estrangular, que & a harmonia concreta de todas as vozes, que ó o próprio espírito da. Liberdade, fazendo e refazendo as asas do seu crescimento.

A face política da Razão metodológica ó a democracia. •

A democracia será, pois e igualmente, um método construtivo da realidade social e não uma certa realidade que oprima a própria. Liberdade que a criou e quere crescer, subir, exaltar-se. • •