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Sessão de 26 de Janeiro de 1921

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E assim que começam aparecendo as -..categorias 'de pensamento que os filósofos irão tornar explicitas e que a própria linguagem e sua gramática implicavam. . Há, com efeito, uma realidade social, como existe uma realidade natural."

Mas já a razão experimentai à 'invasão-da natureza por classificações de categorias da consciência colectiva, a adaptação do pensamento experimental à possibilidade indefinida da experimentação. •.......,. •

Já a realidade natural não é uni absoluto exterior _que pese e obrigue cadapèn-samento. .-•---

A realidade natural é a própria vida duma experiência construtiva; o próprio caminho da nova razão experimental. '' Das categorias sociais, às fornias da razão aos axiomas, aos postulados* às convenções cómodas de Poincàré, marcando assim o avançar duma liberdade, que não é capricho pois esta comodidade é a própria elegância e harmonia interna da çazão metodológica ou construtiva^ .

A realidade social seria a matéria da linguagem, dos costumes, das instituições, de tudo o que pesa sobre o pensamento^ o circunda, e ô à própria atmosfera em que, há-de respirar.

E claro que todas as anteriores formas de realidade são implícitas no realismo social.

Este realismo é estático: são as condições do meio a que este especifico ser vivo terá de adaptar-se.

Este conceito de realidade ignora a crítica já feita ao anterior conceito de realidade material e, no caso, ignora o factor caracteristicamente específico da vida social, seja a comunicação interpsí-quica, a vida espiritual, ou pensamento.

O factor conhecimento é um termo que na realidade material procuramos eliminar e eliminamos fazendõ-o a mesma constante em iodas as equações dessa realidade.

Em realidade social- é um dos factores dessa realidade, de tal modo que a organização dinâmica de tal realidade se fez, em organieistas ^coiao Comte, em função desse mesmo factor.

Se, com efeito, eu sei medir pressão atmosférica só por isso eu posso modificar as condições de vida e de equilíbrio dos sistemas em que influo.

£>e nos é revelada a pressão social, só por isso e mais ainda, saberemos introduzir modificações de variáveis, que vão ressoar em complexos conjuntos funcionais. .

O realismo é sempre um erro, unia anemia do pensamento.

Podíamos iicar no realismo primitivo, no realismo das percepções, e dizer que uma vara introduzida na água se quebra, que -nuni' espelho côncavo passamos de cabeça para baixo, que uma papoula rubra deve assim apresentar-se a qualquer luz, o que a seguir teríamos de negar e assim indefinidamente.

Também podíamos ficar no realismo social do grupo totémico e só por si a tradição não poderá ensinar-nos em que momento do realismo social a devemos tomar. .."'.*'

• É preciso definir essa realidade social, e, como há história, teremos de encontrar uma realidade dinâmica e evolutiva.

E, se não quisermos õ mero historicismo descritivo, isto é, o empirismo duma infra-realidade percepcionai, teremos , de encontrar um dinamismo causal explicativo.

E o que significa a tentativa dê Augusto Comte com a sua lei dos três estados.

Unicamente Augusto Comte não viu as relações estreitas que existem entre o racional e o social, de modo'que apresentou o segundo como um efeito do primeiro, o que é o regresso a um psicologismo por ele desmentido e refutado.

E assim o fatalismo dum equilíbrio inicial, o desequilíbrio intermédio e o' novo equilíbrio final.

Daí o'ódio aos períodos intermédios de crítica, o, ódio dum pensador aos períodos mais activos e.heróicos do pensamento e a preguiça mental consequente, narcotizando o homem na satisfação duma suficiente positividade.

j Eis uma analogia bem íntima entre a dressage positivista e 3, da Companhia de Jesus! . ,

Racional e social são eni recíproca dependência, podendo, no emtanto, dizer-se que o racional começa por ser um eteito do social. o