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Diário das Sessões do Congresso

tratos que são concomitantes dessas revoluções.

Ora, a revolução de 1789 a 1793 desenvolveu uma intensa corrente de liberdade de pensamento, proclamou os direitos do homem, e, por conseguinte, criou uma certa ordem de novas opiniões geralmente depois estabelecidas por toda a Europa, e que denominaram jaeobina-gem.

Esta corrente, a despeito das maiores ©posições, penetrou em Portugal, como em todos os países.

Essas novas ideas, que tiveram boa aceitação na maioria dos espíritos, foram consideradas por outros como a jacobi-nagem revolucionária, como uma corrente de ideas subversivas e desgraçadas nos seus resultados.

A revolução francesa não foi simplesmente uma determinante; foi mais alguma cousa, foi uma das maiores revoluções dos tempos modernos; mas, apesar de toda a sua grandeza, fracassou e veio por fim a liquidar no despotismo .napo-leónico, em que o próprio Napoleãò, na febre de restabelecer o velho império já demolido, se lançou na guerra por toda a Europa, invadindo também Portugal.

D. João VI foge para o Brasil, e essa fuga foi, por sua vez, mais uma determinante, porque o país, abandonado a si mesmo, mais depressa o mais facilmente fomentou o germe latente da revolta.

Com a retirada do Bragança, com « sua corte, para o Brasil, para a cidade do Rio d« Janeiro, os patriotas do tempo sentiram-se vexados, quando viram fazer--se da colónia metrópole, e da metrópole uma colónia.

Este facto constituiu, por si mesmo, uma outra determinante que muito apressou o espírito de revolta que o espírito patriótico cada vez mais aquecia.

Ao mesmo tempo que os factos assim se conjugavam, à provocação das Águias Francesas junta-se a revolução da Galiza : Fernando VII é proclamado após a revolta do Cádiz, onde se estabelece também uma constituição.

É o momento da Europa se tornar heroicamente útil, criando o novo regime das constituições, elo transitório para as novas fórmulas do futuro.

Por conseguinte, a revolução de 1820 obedeceu, não exclusivamente à acção dos

homens, apesar de eles terem sido grandes. Com esses homens ou sem eles, houvera igualmente de se fazer o que se fez em tantos outros países, visto que, em verdade, em que pese à vaidade humana, os homens não dirigem nem governam o progresso, como supõem, mas são por ele dirigidos e governados.

Ainda um outro facto digno de ponderação nos aparece: ó que D. João VI do Brasil deu para aqui ordens ao Conde de Beresford para que começasse a exercer toda a ordem de represálias, a título . de nos querer defender.

Aparece-nos ainda nesta época, a todos os respeitos calamitosa, um homem deveras grande, ao qual ainda hoje aqui não se tributou nm cântico de saudade e de dor. Kefiro-me ao glorioso Gomes Freire de Andrade, esse lídimo representante da fibra portuguesa, e que como tal foi enforcado vilmente na esplanada de S. João . da Barra, com tanto vilipêndio como outros depois espernearam nos campos que hoje se chamam de Santa Ana.

Sr. Presidente: cumpre não esquecer também que D. João VI, depois de ter fixado a residência da sua coité no Rio de Janeiro, fazia com. que houvesse uma grande drenagem de dinheiro para o Brasil, embora por cá continuasse e se desenvolvesse a miséria mais desgraçada daquela época.

Todos estes factos determinaram a revolução.

Sr. Presidente: quando se fala de Fernandes Tomás, (peço neste momento, um minuto de atenção para uma triste revelação que vou fazer) esquece se sempre o nome dum grande vulto que com-ôle colaborou na revolução.

Chama-se JosS Maria Xavier de Araújo, nome relativamente obscuro, embora tivesse rep ^esentado um papel importante na revolução de 1820-1826. Xavier de Araújo tem um neto autêntico que vive miseravelmente, apesar do seu nunca dês1 mentido desejo de trabalhar. Não pede nada à beneficência; tem aptidões «principalmente na burocracia para que está habilitado, e só deseja um pouco de protecção que lhe é devida.