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3catão de 26 de Janeiro dê 1921

iluminou o dia 24 de Agosto de 1820 Com uai clarão emancipador que o sangue e a vida dos mártires precursores de 1817, ainda enrubresciam. {Esse sentimento, Sr. Presidente, é o sentimento da Liberdade!

Sr. Presidente: o legítimo oígulhó dum povo pela sua liberdade, ou talvez a convicção de que nenhum outro como ele beneficiava de tam amplas liberdades, levou-o a erigir-lhe no novo mundo uma estátua colossal e de proporções gigantescas 4 Erecta à entrada dá livre América parece querer significar aos que ali aportarem que os acolhe ã terra da Liberdade* Digna ó sem dúvida a Pátria de Washington de possuir tal símbolo. -Mas por grandioso que ele seja^ por muito alto que ele se. erga sobre a terra> jamais o orgulho yankee poderá sobrepujar os seus brasões de Liberdade do mesmo timbre de martírios e de sacrifícios coto que â Europa encima Os seus.

Pôde a América prestar à Liberdade à majestosa homenagem, mas os seus caboucos e alicerces, esses, foi a velha Europa que pelos séculos alémj através de. muitas ruínas, de cataclismos, de sangrentas tragédias, à custa de lutas e de sofrimentos sem fim/ com o seu esforço ingente, os cavou e construiu.

La Barre e Qiordano Bruno, martirizados ; Voltaire e Rosseau, Diderot e Da-lembejt, com á pujante luz que dos seus cérebros irradiou sobre o mundo; Mira-beau, Danton, Desmoulins, Robespierre, Vergniâud e madame Rolland, aniquilando com o esgotamento e o sacrifício da própria vida todo um. mundo de preconceitos, todo um edifício social dê séculos, êsseâ e tantos outros, heróis obscuros, uns, heróis vivendo para o bronze dá^is-tóriâ, outros^ esses foram os verdadeiros e formidáveis obreiros 'dessa nunca bastante exaltada Liberdade dê quê a estátua levantada na América ó apenas õ símbolo que o orgulho diim JK>VO lhe ergueu. (Apoiados).

Também Mi Portugal a liberdade teve os seus obreiros, os seus mortos e os seus heróis! Também em Portugal como na Espanha, aã França ê na Itália, muito se tem sofrido é lutado por sufc causa. As casas-matas de Almeida e as masmorras d% Si, Juliâo» se não servem para co-títemor&r â Liberdade, servem, todavia

para atestar ê até em tempos bem pouco pouco distantes quanto efectivamente em Portugal se tem sofrido e lutado por ela.

Foi em 1789 que a liberdade teve a sua formidável eclosão-. Por cima das suas. fronteiras) a França republicana num desafio inaudito, atirara à face dos rei») primeiro a coroa, depois a cabeça de Luís XVI. Privilégios* toda uma dinastia velha de séculos e as forças que a apoiávam, ruíam com fragoroso estrépito em torno dum vulcão em iuria.

^Mas Sr* presidente, eniquanto a formidável tragédia se desencadeava na França o quê Be fazia em Portugal?

^O que era à vida mental e social do povo português? ' .

Emquanto os çaní-çulottess rotos» descalços, esfarrapados, marchavam intrépidos a esmagarem num frémito indómito^ .eni Jemmapes e emValmyí os maisdisci-plinadoé soldados do mundo; emquanto nas bocas do Ródano, um povo em revolta iniciava a sua .marcha para a Liberdade coin um cântico que ia revolver a face da Europa; emquanto a velhalãobre-za francesa, ciosa dos seus privilégios, de armas na mão, se batia na Bretanha, na Vendeia e no Poitou; emqtianto .orgulhosa das suas tradições, indefectivelmente talon rougè, impávida subia as escadas dos patíbulos em Portugal que se,passava? Sr. Presidente: 40 quê era a vida mental e social do povo português?

Uma nobreza há muito em plena degenerescência sem patriotismo nem gran-deza^ impregnada de incenso, restringia toda a sua actividade a cantar o lundum e a frequentes lausperenes. O povo, adormecidas as velhas energias dá raça, sujo, miserável, supersticioso e ignorante, esperava a escudela de caldo na portaria dos conventos, emquanto lá dentro ouvia os folgares dos fidalgos e das freiras quà-si desamparado dos seus dirigentes a ameaça napoleónica desencadeada contra à independência e a integridade da Pátria, fez com que nele revivessem as suas energias de sempre. .

Bateu-se, sofreu, e mais uma vez ven^ céu: maravilhoso povo este, eujas virtudes e energias sempre puderam salvá-lo dós piores destinos!