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Diário das Sessões do Congresso

para sempre o aniquilarem. Mas salva* a integridade e a independência da Pátria, uma nova tirania vexatória e enxovalhe a esperava, a de Beresford. O país arruinado, sem comércio, Bem numerário; as receitas do Estado menos do que insuficientes para os seus encargos, entregue a governantes sem patriotismo nem competência e transformado em colónia da sua antiga colónia, tal era o quadro histórico da Pátria portuguesa nessa época. Foi quando um punhado de portugueses de lei, com o pundonor, o heroísmo e a alma patriótica de Gomes Freire à frente, planeou a insurreição que em 1817 gloriosamente pagou com a vida. Mas o espírito nacional não sucumbira coto o insucesso.

Keviveu para o triunfo e para .a desafronta na alma patriótica de Fernandes Tomás e dos seus companheiros do Sinédrio, e o dia 28 de Agosto de 1820, alvoreceu para redimir a Pátria pela Liberdade.

Nem por isso em Portugal —como em todo o mundo— a liberdade deixou de ter inimigos que é preciso sem tréguas, denodadamente,'combater, para que possamos gozar dos seus benefícios.

É bem fácil governar para quem não têm direito, que prescinde de tê-los ou que os governos lhe permitem ter.

O mesmo não sucede com os povos livres que na liberdade encontram a melhor defesa dos seus direitos. Por isso tantas vezes a avtoridade se transforma em inimiga irreconciliável da liberdade por ser ela o maior obstáculo à acção dos governos despóticos e às ambições de governantes.

Daí também tantos embates e conflitos que por soa

Sr. Presidente: assim cqmo devemos ter sempre fé e esperança na resistência e força de tal baluarte, façamos todos como condiçUo essencial da Liberdade a sua melhor propaganda pela tolerância,

pela abnegação, pelo sacrifício que façamos dos nossos interesses individuais onde ôles possam realmente colidir com os direitos de outrem ou com os direitos da sociedade.

Sr. Presidente, sobretudo que nunca os liberais se esqueçam de que a liberdade só poderá amá-la e bem servi-la quem muito se dispuser a sofrer por ela.

Vozes:— Muito bem.

O Sr. Vasco de Vasconcelos: — Sr. Presidente: cabe-me a honra de falar, em nome do Partido Popular, nesta sessão solene. Se sempre considerei para mim atribulada a circunstância de ser Itader desse partido na Câmara dos Deputados, nunca, como hoje, senti maior desgosto por este lugar não ser ocupado pelo meu ilustre cheíe, Sr. Júlio Martins. S. Ex.a, com a sua palavra sugestiva e brilhante, carinhosamente evocaria as grandes figuras de 1820,"1raçando-lhes a sua grandeza moral e desenhando-lhes magistralmente o seu papel na história. E sou eu, sem faculdades cte improvisação, eu que sou incapaz, por temperamento e feitio, de escrever um discurso, que tenho de vir hoje a esta festa de homenagem sem roupagens académicas, em voz simples e desataviada, dizer da minha justiça. Que as minhas pobres palavras, sem interesse, sejam a única nota discordante desta festa glorificadora da memória dos revolucionários de 1820.

Ninguém desconhece que a vida política desses homens tem sido apreciada cruelmente pelos nossos historiadores, desde Alexandre Herculano, que, na sua máscara severa, desenhou um sorriso do desdém para os políticos de 1820, até Oliveira Martins, que simplesmente, os desculpa pela sinceridade das suas ilu-sOes. Merecidamente? Entendo que não.

Esta festa é grata para todos os que professem ideais liberais. Para nós, republicanos, constitui um alto dever cívico, por isso que os revolucionários de 1820 são os nossos legítimos precursores.

Precisamos não esquecer que a palavra República foi por eles pronunciada pela primeira vez em Portugal.