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Diário da» Sessões do Gangreno

bilidade que outros lhe queiram ter apanhado, de uma cousa que já caminha sem salvação possível.

Uma das cousas eu vejo também preconizada em determinada imprensa: é a aspiração que outros lançam — não lêem o que eu tenho visto nos jornais — a aspiração da imprensa quo defende os'princípios conservadores.

Chega-se até ao ponto, ao arrojo de preconizar, em nome da defesa da República, que se devia entrar nam regime de tirar aos outros aquilo que tom e é sua propriedade para o pôr ao serviço da propaganda extremista.

Sabe o Congresso quantas vezos me tenho insurgido contra.

Acho revoltante esse conluio, mas entre permitir-se esse facto e o proibir-se que alguém possa ter determinada imprensa, para quo as liberdades públicas sejam definitivamente afogadas neste Pais, não hesito e revolto-me contra aqueles que pregam os princípios de expropriação da imprensa e os princípios de expropriação da propriedade particular.

Também ou quando passo pelas ruas e vejo palácios lindos, fico a lamentar que eles n3o me pertençam, mas nem por isso pensei nunca em os tirar aos seus .donos porque tenho de mim para mim esta moral: tirar aos outros1 alguma cousa que lhes pertence, chama-se roubar, e como eu n5o sou ladrão não roubo nada a ninguém.

Qucre-se meter na nossa legislação este princípio do roubo legalizado. ,jE em nome de quê? Em nome da defesa da República; e quore-se permitir com o nome do «republicanizaçáo» a expropria,-ção daquilo quo é dos outros.

Nessa «republicanizaçãon não entro eu, e consequenteuiente não posso deixar de protestar indignadamente contra essa moral revoltante, essa cegueira de certos políticos que, dominados por elementos extremistas, não hesitam em proclamar (jue se deve tirar aos outros aquilo que íhes pertence. '

As altas situações da administração pública conquistam-se pelo estudo dos problemas de .administração o conquistam-se revelando competência para resol-

ver esses assuntos, e, não é com insignificantes, sem sombra de preparação, simplesmente porque querem lisonjear a vaidade das multidões simplistas, >quç o País pode contar para a resolução dos graves problemas.

Pretendem, Sr. Presidente, garantir situações de destaque por forma a ir ainda mais contribuir para a ruína do País.

Ainda hoje, Sr. Presidente, eu vi num jornal—e é desta imprensa que o Governo carece... , ,

O Sr. José Domingnes dos Santos (interrompendo) : —V. Ex.a está fora da ordem.

O Orador: — Fora da ordem, Sr. Deputado, estào os que, como V. Ex.a, preconizam certas doutrinas.

Apoiados na direita.

Esses ó que estão fora da ordem.

Sr. Presidente: ainda há dias, repito,-eu vi num jornal preconizar mais uma vez essa doutrina, e, repito, também, a República precisa desses jornais.

O Sr. Ribeiro de Melo (interrompendo):— Já V. Ex.a tem assunto para um artigo do fundo.

O Orador: — Para o fundo vai isto tudo com os impulsos de V. Ex.a

Sr. Presidente: esta proposta representa um dos maiores atentados contra as liberdades públicas. Eu desejo, Sr. Presidente, formular -várias preguntas ao Governo. Desejo que o Sr. Presidente do Ministério me responda concretamente a determinados assuntos.

Ainda anteontem eu vi no Diário de Noticias uma entrevista com o Sr. Ministro da Guerra, entrevista em que S. Ex.a, preguntado sobre o procedimento que tencionaria adoptar para com os oficiais implicados no ultimo movimento re\olu-cionário, respondeu que ,amda não sabia, e que isso dependia do Conselho de Ministros.

Desejo, repito, que o Governo me responda a esta pregunta.

O Governo, porventura, julga que está suspensp o n.° 21.° do artigo,3.° da Constituição, que diz: