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18 Diário das Sessões do Senado

assunto, perante a dificuldade em que se encontra o meu espírito no caso.

O ilustre leader do grupo católico desta Câmara o Sr. Dr. Pinto Coelho, a quem e*a já prestei a minha homenagem quando se referiu ao ilustre Senador o Sr. Machado Santos na intervenção que teve na solução da greve ferroviária, somo Ministro, foi um tanto injusto.

S. Exa. nas considerações que fez foi injusto, repito.

S. Exa. disse que o Sr. Machado Santos tinha levado a indisciplina, ou paio menos agravado a indisciplina que lavra não só entre o pessoal ferroviário dos caminhos de Ferro do Sul e Sueste, como tambêm entre o pessoal ferroviário da Companhia Portuguesa.

Era primeiro lugar eu direi a V. Exas. que a indisciplina do pessoal ferroviário do Sul, vem de longe, de muito longe; não sendo pois cavada por Machado Santos, e em segundo lugar direi a V. Exa. que exacta e precisamente porque o Sr. Machado Santos queria pôr um travão na indisciplina dos ferroviários e na frequência de faltas, muitas vezes graves e que prejudicavam o público, que S. Exa. publicou o regulamento que, por ter cláusulas rigorosas, depois de pouco tempo originou outra greve.

Isto é inteiramente assim, e eu sei os esforços e intenções do Sr. Machado Santos para ver se conseguia que acabassem as queixas de toda a gente, porque, como V. Exa. sabe, raro é o português que não tenha motivos de qualquer reclamação pela forma como estavam sendo feitos os serviços ferroviários.

Creio bem que a grande maioria do pessoal seja composta por operários e empregados dignos, (apartes) todavia as faltas sucediam-se e Machado Santos com energia e alto intuito de bem servir o país quis pôr-lhes um travão, corrigindo-os cem rigor.

Continuando nas minhas considerações eu devo dizer que todo o homem que queira estudar uma questão deve primeiramente ocupar-se dos seus precedentes e das circunstâncias que porventura a acompanhem.

Ora na ocasião em que o pessoal ferroviário declarou a sua greve havia uma profunda preocupação de alteração de ordem pública que levava o Govêrno a desejar vivamente o fim da greve, e Machado Santos, Sr. Presidente, passou por isso horas bem amargas.

Por um lado os directores das companhias tinham razão quando diziam que as exigências dos operários eram exageradas e por outro lado o prolongamento da greve podia ser muitíssimo grave para o país.

Direi, porêm, à Câmara que não foi o Sr. Machado Santos quem solucionou a nova greve, pondo de lado o regulamento-que satisfazia a opinião pública e que era disciplinador.

Tudo isto é inteiramente exacto e aduzi-o para esclarecer o espírito do Sr. Dr. Pinto Coelho, que tive ocasião de conhecer pela primeira vez nesta casa do Parlamento e de cujo talento o país e o Senado muito têm a esperar do seu talento (Muitos apoiados).

Vou terminar as minhas considerações, fazendo votos para que todos se convençam da necessidade de fazer convergir os seus esforços para atacar de frente os problemas que dificultam a marcha do país.

É indispensável que haja a coragem moral de abater as nossas paixões, os nossos caprichos e vaidades para se atender apenas ao estudo cuidadoso dos assuntos que de perto interêssem à vida da nossa nacionalidade, e que estão quási completamente ainda hoje por resolver.

Não faz sentido, quando tantos portugueses estão lutando no campo de batalha, que em Portugal grupos se estejam degladiando para manter situações especiais, muitas vezes não explicáveis, ou para satisfazer ambições frequentemente pouco justificadas. (Apoiados).

Da minha alma faço votos para que duma vez para sempre se entre sinceramente no estudo das questões que interessam à vida do país.

Que o exemplo dêsse trabalho patriótico venha de cima, do Govêrno, sendo urgente que apresente os seus planos de administração, visto que, depois de quatro anos de guerra, veja que estamos hoje pior do que antes, sob qualquer aspecto que se considere a vida nacional, principalmente sob o aspecto económico. (Apoiados).

O Sr. Adães Bermudes: — Sr. Presidente: a V. Exa. e ao Senado apresento-as minhas saudações.