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14 Diário das Sessões do Senado

tempos uma outra notoriedade vem êle alcançando: notoriedade funesta, que todos devemos fazer os maiores esforços para que se não consolide.

É portanto debaixo dêste ponto de vista da ordem, que não tenho dúvida em votar a proposta. E para mim, a razão essencial por que a voto, é porque o Govêrno a pediu.

O Govêrno é, perante nós o fiador da ordem pública. Eu quero amanhã ter o direito de pedir ao Poder Executivo as suas responsabilidades se a ordem não fôr mantida. O Poder Legislativo perderá êsse direito se recusar o seu voto ao projecto que se discute;

Eu não tenho dúvida nenhuma em declarar, se me perguntarem se êste Govêrno é da minha confiança, que lhe não poderei conceder sôbre todos os assuntos de administração pública; mas se me perguntam se lha concedo no que diz respeito à ordem, responderei afirmativamente porque o Govêrno tem feito as suas provas,

Não especializo os membros do Govêrno, mas creio que nenhum dos Srs. Secretários de Estado poderá levar a mal que entre êles destaque dois e tenho a felicidade de o fazer, quando nenhum dêles está presente. Refiro-me ao Sr. Tamagnini Barbosa, Secretário de Estado das Finanças, e ao Sr. Secretário dos Abastecimentos. Quanto ao primeiro, foi com grande pesar do meu espírito que o vi largar a pasta do Interior, se bom que preste a devida homenagem ao seu sucessor.

E quanto ao Sr. Secretário dos Abastecimentos, S. Exa. teve o condão de com a sua energia e até coragem pessoal restabelecer no ramo dos serviços ferroviários a ordem que estava seriamente ameaçada.

O Sr. Machado dos Santos: (Interrompendo): — V. Exa. dê-me licença: eu que conheço o assunto mais que o Sr. Ministro dos Abastecimentos...

O Orador: — O Sr. Secretário de Estado restabeleceu a disciplina na linha do Sul e Sueste. E prestou um alto serviço a este país, e quanto a mim, mostrou mais competência neste ponto do que V. Exa.

O Sr. Machado dos Santos: — Ainda é cedo para fazer essa apreciação. V. Exa.
não sabe o que se está passando ainda no Sul.

O Orador: — Não saberei; é possível que os Dermos da desordem que V. Exa. semeou fossem tão abundantes que ainda alguns subsistam. Seja, porêm, como for, ninguêm menos do que V. Exa. tem o direito de falar neste assunto. E dos homens públicos que tomou sôbre si mais graves responsabilidades no tocante à ordem pública.

V. Exa. passou a sua vida de ministro a dizer sistematicamente que sim a todas as reclamações dos operários; e não me parece que, por tal orientação, o país deva a V. Exa. agradecimentos.

O Sr. Machado dos Santos: (Interrompendo): — O país representado pelo partido de V. Exa., o outro não.

O Orador: — Eu tenho pela classe operária a maior consideração. É ela das que mais sofrem, e por isso, das que mais interêsse devem merecer; mas uma nação é um organismo. E é um êrro pretender servir os interêsses duma classe com sacrifício das outras.

Vozes: — Muito bem.

O Orador: — Digo mais: a própria crise operária viria a sofrer se se quisesse atender aos seus interêsses com menosprezo dos interêsses das outras classes.

Vozes: — Muito bem.

O Orador: — Não fazia tenção de dizer nada disto; foi V. Exa., com a sua interrupção, que me provocou a fazer estas afirmações. Contraiu V. Exa. uma grave responsabilidade pelo modo como entendeu solucionar as greves: satisfazendo a todas as reclamações dos grevistas! Por êsse processo não é difícil resolvê-las!

O Sr. Machado dos Santos: — Não é verdade, V. Exa. faz; uma acusação gratuita.

O Orador: — Não faço. V. Exa. comprometeu gravemente a disciplina pelo modo como procedeu. Viu-se em presença de operários, abertamente insubordinados contra a própria lei reguladora das greves